Rio de Janeiro, 13 de Janeiro de 2014
Escrevo estas palavras de dentro de um vôo da TAM - é a velha ponte aérea que tanto peguei ao longo dos últimos vinte anos. To indo de volta a velha rotina de trabalho em São Paulo.
As últimas semanas foram nostálgicas quando encontrei vários velhos amigos de infância em Niterói. Regado a cerveja abri (não deveria, mas abri) nossos sonhos para alguns deles.
Antes destes encontros eu prometia a mim mesmo que não falaria nada, mas cerveja vem, cerveja vai, e depois deles me perguntarem intensamente sobre nossos planos eu acabava abrindo uma fração dos nossos sonhos.
"Era papo de bêbado empolgado", é o que eu enviava pra eles no dia seguinte regado a ressaca. . Verdade é que Niterói é uma provincia e não quero por enquanto que o assunto ganhe dimensão e chegue aos ouvidos de familiares próximos - e muito menos no ambiente profissional. Pelo menos ainda não. "...senão minha mãe e sogros enfartam! ...ou me demitem antes da hora.", concluo.
Às vezes falamos simplesmente em morar a bordo, às vezes em dar a volta ao mundo. Certo é que a segunda opção estiga mais, mas por ora me contento em cravar o primeiro objetivo deixando a extensão dele como forma natural do projeto. "Vamos deixar o barco seguir que as coisas devem ficar mais claras à frente", me convenço.
Mas a pergunta mais difícil de responder é "Mas quando vocês vão?".
Debruçado nas planilhas faço contas, projeto e planejo. Vivo intensamente uma briga interna entre coração e razão - ou chame estes atores do que vc quiser.
Do peito vem uma angústia grande, um sentimento de "o tempo esta passando", regado à emoção, nos forçando a mudar de vida logo e largar a vida urbana enraizada.
Mas da cabeça vem a réplica, jogando balde de água fria na paixão mandando me acalmar e esperar mais dois anos."Mais dois anos?!", retruca a primeira voz. "Sim, pois até lá vocês se organizam com calma, velejam mais e dão mais tempo para seus filhos se estruturarem e aprenderem a falar inglês", a segunda voz bate forte com o argumento derradeiro.
O que você faria? Quanto vale um sonho?
E se daqui há dois anos o contexto for outro? ...e se alguém adoecer?! E se a Raquel ou filhos desviarem do plano e enraizarem? E se eu enraizar e amarelar?
Ruim pensar assim, mas a verdade é que existem janelas nas nossas vidas onde determinados projetos se encaixam. E por outro, tem também momentos em que a janela se fecha e a vida te empurra pra caminhos que você não pensava trilhar mas que o bom senso te obriga a seguir.
É, dizem que sou um bom argumentador. Deve ser verdade pois até meu órgãos internos debatem internamente com veemência e bom embasamento. Enfim, vamos deixar o tempo correr pois as ideias tendem a amadurecer naturalmente.
Certo também que passaremos em breve por importante decisão dado que terei que dar a resposta final sobre um convite de mudança de emprego (falei sobre isso no último post). Se aceitarmos este convite postergaremos por mais dois a três anos nossa partida. E se negarmos é natural que a gente siga viagem em breve nos próximos meses.
Não pense você que nos conforta este cenário de dúvida sobre a data de partida, muito pelo contrário. Gera uma baita angústia! Em breve vamos cravar a decisão e encerrar este debate.
Fecho aqui abarrotado de dúvidas e pensamentos... pois mandaram desligar o iPad, ...até!