domingo, 10 de fevereiro de 2013

Lafitte, colocando em pratica nossos planos

Rio de Janeiro, 10 de Fevereiro de 2013

Virei o ano bolando formas de começar a colocar em pratica o sonho de morar a bordo, afinal de planilhas, livros, planos e ideias já estamos abarrotados.

Verdade é que temos vivido um grande dilema ultimamente: se por um lado precisamos ganhar experiência náutica pois pouco sabemos a respeito do mundo da vela, por outro precisamos guardar dinheiro senão não vamos ter fôlego financeiro para realizar este sonho. 

Tenho conversando com várias pessoas que viveram ou vivem este tipo de vida a bordo buscando entender melhor como encarar este dilema. Troquei  e-mails com velejadores que estavam no meio de uma volta ao mundo... e com outros já em terra que haviam acabado de retornar. Conheci boas almas, com vidas bem desgarradas e interessantes. Nem preciso dizer o quanto de inspiração colhemos nestes contatos.

Certamente se pudéssemos comprar um veleiro agora poderíamos praticar, ganhar experiência, marinizar nossos filhos e nos embrenhar no meio náutico fazendo com que a preparação viesse naturalmente sem rupturas bruscas. Mas por outro lado nos assusta todos os custos envolvidos pois muita despesa agora iria certamente prolongar nossa vida em São Paulo. Bela sinuca de bico.

Mas a resposta deste dilema veio em janeiro junto ao telefonema de um amigo.

Ele acabará de comprar um veleiro– um delta 36, de nome LAFITTE. “Rodrigo.... marque aí na sua agenda: dia 25 de Janeiro.  Será o dia que vou receber o barco do atual proprietário e marquei uma velejada inicial na Bahia de Guanabara para recebermos o barco e aprendermos todos detalhes. Gostaria que você viesse comigo, você topa?”, ele fez o convite.  Claro que de bate pronto aceitei.

A tal sexta feira chegou, saímos pela baia aproveitando um bom vento de 15 nós. Jaibe para cá, bordo para lá, uma orça aqui, outra ali..  como esponjas buscamos absorver todos os ensinamentos que o Alexandre (ex-dono do barco) estava nos passando. A base do conhecimento de como manusear um barco a vela nós já tínhamos dado os poucos cursos de vela oceânica e charters que fizemos. Mas de fato, são muitos novos detalhes e procedimentos que temos que aprender. Ansiosos e deslumbrados tocamos o dia.. e na volta para o Iate clube até balão armamos, dando asas para nossos sonhos.

O dia encerrou manso e desgarrado com um chopp no Iate Clube Rio de Janeiro. E para encerrar meu velho amigo encerrou com um novo convite: “Rodrigo, gostaria que você fosse meu sócio neste barco, que tal?”, finalizou.

Pronto. O dilema estava em vias de ser quebrado.  Afinal, poder rachar todas as despesas e investimentos.. certamente aliviaria nosso orçamento sendo um bom caminho do meio, um ótimo primeiro passo. Voltei pra casa pensativo, fazendo conta de cabeça. Conversei com a Raquel e dois dias depois ligamos de volta pra ele agradecendo e aceitando o convite.

Nosso sonho começava ali a se materializar. Sonho antigo, sonho de moleque... sonho de vida. Agora temos um veleiro.  E ninguém mais nos segura !!    :))

PS (atualizado em abril/2016): Este amigo, teve papel importante sobretudo em plantar este sonho. Além do episódio acima, séculos atrás (1995?!) nos meus 18 anos de idade acampávamos na Ilha Grande e em meio a fogueiras e pescarias namorávamos os grandes veleiros cruzando a baía. Neste dia lançamos ao vento: "bora largar tudo e dar a volta ao mundo em um veleiro!" ...sonho distante na época, uma garrafa jogada no oceano da vida.  Valeu velho amigo Tonyr!! Você faz parte da nossa história!