segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Balanço do ano

São Paulo, 16 de Dezembro de 2013.

E o ano encerra-se intenso e com importantes decisões.

Aceleramos forte em busca do nosso sonho, muita coisa ja aconteceu e muito mais ainda esta por vir. Tudo está a venda, principalmente nosso apartamento. Até na mega sena tenho jogado, deixando porta aberta para São Thomé dar um empurraozinho. 

Vendi essa semana minha amada moto - parceira de estrada e aventuras e tenho me desfeito de acessórios e eletrônicos que muito usei no mundo sob duas rodas. Até minha amada Zuleica - meu GPS Garmin Zumo eu dei de presente estes dias, o que vem despertando em vários a minha volta o sentimento de que talvez nosso projeto seja sério.

No trabalho também já dei o recado difícil. Meses atrás encarei dura discussão com meu chefe - dono da empresa - quando informei meu desejo de ir embora, explicando nossos sonhos. A postura dele foi uma mistura de suco de limão com abacaxi. Enfim, faz parte. Não daria para ser diferente.

Tive também importante conversa em família (mãe e irmão), onde não abri detalhes do nosso plano, mas comentei que uma grande mudança esta por vir. 

Verdade é que quanto mais eu faço contas, mas inseguro fico...  

Já me falaram que cortar as amarras com nossa vida tradicional é a parte mais dificil do projeto. "Tem que ser macho ou louco pra chutar tudo pro alto aos 37 anos!!", é o que voce deve estar pensando.
Afinal, nossos filhos ainda estão muito pequenos e nem alfabetizados estão ainda. Sem falar no inglês que é um pré-requisito para darmos sequencia ao ensino a distancia.

Acabamos nos convencendo que nosso projeto de vida a bordo deve durar um tempo e depois, provavelmente, teremos que voltar para vida urbana e de novo para o mercado de trabalho (seja lá qual for) pois nos faltará fôlego.

Falando do ano que se encerra...

Ganhei vários novos amigos do meio náutico ao longo do ano: um deles o Vini Vela, da Ilhabela. Amigo que me ensinou e me ajudou a tirar as carteiras de arrais e mestre.. uma seguida da outra.

Outros que se tornaram grandes amigos foram o Silvio e Lilian do veleiro Matajusi - falei sobre eles alguns posts mais atrás. Silvio tem sido um grandeamigo, mentor e instrutor. Passamos ferias em Angra lado-a-lado (ou barco-a-barco) e de praia em praia, compartilhamos churrascos, jantares, música e muito conhecimento (conhecimento dele, obviamente).

Recentemente ele esteve também na nossa casa trazendo sua biblioteca com o conteúdo acumulado em sua volta ao mundo de 5 anos (mapas, filmes, guias, etc), me ajudou também na instalação dos principais SW de navegação, me explicou conceitos de meteorologia, montagem de rotas, bem como me deu uma série de dicas sobre vivência a bordo e planejamento para travessias.

Tenho feito também contatos constantes com brokers da florida e das BVIs discutindo modelos e buscando entender melhores as opções de barcos que tem por aí. Por enquanto estamos focando nossa pesquisa no catamaran Leopard 45' (de 2001 a 2003) ou, no caso de monocasco, no Jeanneau 52.5.

E eis que ao apagar das luzes deste longo e intenso 2013 abre-se mais uma bifurcação e tomada de importante decisão no nosso projeto: uma nova oportunidade de carreira. Jesus! Logo agora que to querendo apagar as luzes!

Tive encontro recente com um antigo chefe e amigo que é executivo na empresa anterior onde trabalhei. Sabendo das minhas "frustrações" e sonhos... me mandou na lata: "Volte p cá. Postergue seus planos, venha trabalhar aqui comigo por mais dois a três anos e depois você segue sua viagem. Pense e me responda logo, pois a janela é curta e vai fechar rápido.", convidou.

Pacote justo, ambiente conhecido, pessoas amigas.... Bem interessante. "Mas serão mais dois anos nesta vida urbana, capitalista e encarreirada de São Paulo, será que eu aguento?!", pensei.

Verdade é que com mais dois anos a gente teremos mais tempo para resolver a alfabetização e idioma dos nossos filhos, acumularemos mais experiência náutica e vivência a bordo e, também importante, teremos mais dois anos para resolver com calma as questões financeiras e administrativas das nossas vidas.

É claro que eu preferiria ganhar na mega sena e poder mudar de vida logo, mas na falta dela vamos avaliar com calma este cavalo selado que passou na nossa frente. 

Hoje a noite teremos outro encontro e por ora vamos dando corda no assunto e ver aonde o vento nos leva. O convite tá feito, mas ainda não é certo, pois ainda teria um percurso de entrevistas e aprovações entre gringos e outros aprovadores. 

Por mim vamos nessa, mas se no final deste percurso não rolar, é porque nossa data de partida deve ser ano que vem mesmo, deixemos nas mãos de Deus.

Até!





quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cabelos ao vento!

Sao Paulo, 5 de Dezembro de 2013.

Isso ai !! Agora aqui em casa é assim: a mãe enfilera os três e em 15 minutos passa o rodo, renovando nossa km pra mais 30 dias. Simples assim. E o resultado é essa belezura ai abaixo. 

"Tudo bem! ...ela esta se esforcando também para aprender mais esta arte", é o que temos dito para amigos próximos :))

Nossa briga agora é para defirnirmos qual de nós três ficará com a encubência em cortar o dela :o

Ok, você está rindo ai no conforto do seu sofá, compreendo.

Brincadeiras a parte, mas saiba que tudo isso faz parte do plano... e tamo caminhando ! :)))





sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Férias a bordo - Angra e Paraty

Angra/Paraty, 22 de Novembro de 2013

Hoje encerra nossas férias a bordo. Deixaremos o Lafitte aqui no Bracuhy, em Angra dos Reis/RJ e retomaremos nossa vida urbana em SP.

Não vou dissertar detalhadamente sobre o que fizemos neste últimos dez noites a bordo e que ilha ou praia fomos, até mesmo pois meu foco aqui não é compartilhar guias turísticos da região.. mas vou resumir em poucas palavras nosso aprendizado.

Eu diria que temos sim nosso "caribe brasileiro" e ele fica em Angra dos Reis... região simplesmente espetacular, de águas abrigadas, com várias praias, ilhas paradisíacas, água clara, barzinhos, bons restaurantes e ótimas atracagens. Simplesmente fantástico!

Segundo, eu diria que se você quer acelerar seu aprendizado .. tu tem que viver a experiência de passar dias seguidos a bordo.  Nada melhor do que cada pernoite, cada ancoragem, cada dia a bordo para vc naturalmente ir vivendo as experiências, ir "vivendo o barco", tomando pequenas decisões.. e ir aprendendo.  E assim foi nestes últimos dez dias. Aprendi mais do que no ano inteiro nas minhas velejadas de fim de semana na Ilhabela.  Tudo bem que quase "afundei" o barco quando desmontei o sistema de esgoto da pia na tentativa de desentupi-lo e a agua do mar entrou com vontade barco a dentro. :)

Brincadeiras a parte... Mas tive sim tempo para abrir e explorar cada canto do barco.. limpei fundo, abri dispensas, levantei tampas, abri paiol, mexi na parte elétrica, reorganizei coisa, joguei coisas fora, senti falta de outras, .. fucei tudo que pude e não pude.

Aprendi mais sobre navegação, ancoragens e previsão do tempo.. colocando em prática alguns dos ensinamentos que tenho colhido do Silvio Ramos - amigo do veleiro Matajusi.  Inclusive, ele participou ativamente destes últimos dez dias conosco acompanhado da sua esposa Lilian.  Eles no Matajusi, e a gente no nosso Lafitte. ..excelente aprendizado!!  Foi um privilégio ter um mentor conectado a cada minuto.. acompanhando e participando ativamente das escolhas e decisões.. Nossos radinhos VHF de mão viraram ferramentas obrigatórias...  "SR.. ta na escuta?!  ###"  ; "Fala RG ###  "... alguma sugestão sobre o melhor ponto de ancoragem ?!   "... RG, sugiro vc bla bla bla..." e por ai vai.

E por fim, experiência impar, e talvez a principal.. foi ficar conectado o tempo todo com minha família (esposa e dois filhos), vivendo intimamente cada balanço, cada vento, cada segundo, pescando junto, tomando banho de mar sob o luar, contando historias a noite pras crianças dormirem, etc.  ...  comprovando que nosso sonho tem fundamento real e sem dúvida será uma grande e marcante experiência de vida.

Valeu!!


















sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Velejar em Tortola/BVI - dicas e sugestões

São Paulo, 8 de Novembro de 2013

Recentemente um amigo me perguntou sobre as BVIs (ilhas virgens britânicas).. e eis que achei a memória de uma das duas viagens que fizemos para velejar por lá.

Compartilho aqui pelo blog, pois talvez seja útil para algum de vocês..

PS: Velejei em Tortola/BVI duas vezes, ambas em charter. A primeira em 2010, a segunda em 2012.  Na primeira, não sabia nada de vela..e nem como ligar um barco, e coloquei um skipper-instrutor no barco, e na segunda (essa que documentei abaixo), fui com outros amigos mais experientes a bordo e nos revesamos "fazendo besteira " :))

(TEXTO ABAIXO FOI ESCRITO EM FEV/2012)

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1o DIA:

São Paulo - Punta Cana, 11 de fevereiro 2012

Peço licença aos amigos, mas meus próximos post serão sobre a viagem que iniciamos hoje. Estamos indo rumo a Tortola (Ilhas Virgens Britânicas), velejar por 1 semana.

O ano que passou foi duro, suado, stressante! Ontem (sexta) as 21:00 respondi meu último email no trabalho, depois de um dia longo com umas 10 reuniões e uns 15 telefonemas, desliguei tudo e deixei o escritório em São Paulo, seguindo para casa cansado, cabeça pesada, mas com sentimento de dever cumprido e grandes expectativas pelos dias que se seguirão. Ahh férias!!!

Embarcamos hoje às 11:00 em Guarulhos em um voo da gol rumo a punta cana. Este é somente um "entreposto" para nosso destino final que é um pouco a leste - e uma hora a mais de voo - na ilha de Tortola (ilha principal do "arquipélago" das ilhas virgens britânicas).

Nosso querido e amado país que me perdoe, mas está muito caro viajar pelo Brasil.

Para vocês que não conhecem, convido-os a entrar em um destes sites de pesquisa (decolar.com, hotels.com, etc.) e só de curiosidade procurar por preços de hotéis em várias das ilhas do Caribe (Barbados, St Marteen, Aruba, Punta Cana, Curaçao...). Vocês irão perceber que sua viagem de verão pode custar uns 30 a 40% mais barato que rodar pelo Brasil. Quanto a passagem aérea, experimente você quotar um voo SP - Fortaleza e um, por exemplo SP - Punta Cana (Rep. Dominicana) ... Que você chegará a mesma conclusão. No meu caso, estou voando de milhas (smiles) 15.000 por trecho e pronto. Cá estou sentado no avião devagando em pensamentos e escrevendo estas linhas.

Outro Ponto que também farei propaganda diz respeito ao quanto é fácil alugar um barco no Caribe. No brasil é algo caro e restrito a poucas regiões com infraestruturas precárias e, restrito a poucos "bolsos", obviamente. No Caribe, não.

Dizem que em Tortola rola a melhor velejada do Caribe, com ventos de 12 a 15 nós, temperatura de 24 a 25 graus, águas limpas e mar calmo. Perfeito. Eu falei "dizem" pois em cada ilha do caribe o povo local fala a mesma coisa dos seus mares e ventos. E eu devo concordar com o povo local. Pois na verdade, experimentei esta velejada ano passado, na minha ultima viagem "solo" (eu+minha esposa, e um veleiro de 39pés... Perfeito!). E cá estamos repetindo o roteiro com um grupo de amigos - porém agora em um catamarã lagoon de 41 pés. Show também!!

Tortola é uma espécie de disneylandia da vela, com uma frota de veleiros de aluguel estimada em mais de 1000 barcos, de todos os tamanhos para todos os bolsos, com mais de 20 empresas de charter. Quem vai lá... Vai pra velejar. Todo o turismo é voltado para o mundo náutico. Com um infra e organização feita para funcionar. Feita para dar certo. Coisa que nos brasileiros ainda temos muito que aprender para melhor organizar nosso país e nossas cidades.



http://en.wikipedia.org/wiki/Tortola

O que estou procurando - "sobra e água fresca"

Mapa da Ihas Virgens Britanicas (BVI)

Logo, se vc for como eu... Curioso e interessado em aventuras diferentes, te convido a experimentar esta opção. Segue aqui a operadora que utilizei (http://www.bviyachtcharters.com/) - empresa familiar, com poucos barcos, e atendimento profissional. Se você for mais sofisticado, sugiro olhar nas operadoras maiores como a moorings.com (é a maior delas - e mais cara também). Nosso barco esta saindo U$250 por dia, por casal. Conforto total, uma cabine/suite para cada casal. Show! Experimente fazer algo similar no Brasil...


Falarei mais sobre tortola 2 dias a frente (segunda-feira) que é quando zarparemos para lá. Por enquanto dividirei com vocês impressões sobre Republica Dominicana e Punta Cana.


Falando um pouco sobre o nosso entreposto.... Punta Cana fica no lado leste da Republica Dominicana. Nesta grande ilha, na verdade tem 2 diferentes países: Haiti no lado oeste e republica dominicana do lado leste (lado "direito" você olhando o mapa da América central como aprendeu na escola... Arrrrrggg, amigos da vela que me perdoem). Isso mesmo, Haiti é aquele tal do terremoto, que ta em guerra civil, na miséria, e que nossos soldados compõem a forca de paz da ONU na tentativa (em vão?) de ajudá-los a se reerguer. E republica dominicana vai muito bem obrigado, vivendo do turismo, jogando bem seu beiseboll e basquete. Para simplificar, punta Cana está para republica dominicana assim como a costa do sauipe esta para o Brasil. Uma região afastada da "grande" cidade e que um belo dia uns ricões investidores decidiram construir um bando de resorts à beira das praias cristalinas de areias brancas e finas.


Mapa da Republica Dominicana

Pousamos em Punta as 17:30, depois de uma breve escala em Caracas - terra de Hugo chaves - Lula's friend. Em Punta, Levamos umas 2 horas para superar a alfândega com sua fila monstruosa e 2 a 3 atendentes simpáticos - lembrei de primeira do nosso Guarulhos com a federal fazendo operação padrão.

Estamos hospedados em um hotelzao (Hotel Riu Palace Punta Cana) - comprado pelo decolar.com por R$250/diária por casal "ALL inclusive". Isso mesmo tudo incluso, inclusive caipirinha, Pinacolada, whisky, etc. Lembra o que falei minutos atrás? Pois então, um equivalente deste no brasil sairia uns R$700 sendo que drinks/bebidas seria pagos a parte (PS: Mas fique esperto, pois depois percebi que todas as bebidas servidas são "batizadas"... falsibas da braba!!!)

Cheguei seco no quarto, louco pra tomar a primeira cerveja caribenha (de "graça") abro o frigobar e.... Fala sério, do de cara com um Brahma! Isso mesmo. Nada contra ela mas eu esperava por umas Red Stripes, The Banks, President, Carib, etc. E não me pergunte o que diabos esta Brahma esta fazendo aqui!

Outra curiosidade... No hotel esbarramos com zilhões de gringos de todas as nacionalidades possíveis (vários branquelos-loiros-vermelhos como camarões). E 95% por volta dos sessenta e tantos anos..  curioso como a cultura dos países de 1o mundo o povo da 3a idade aproveita bastante a vida (seja por poder economico, ou mesmo fator cultural, sei lá).


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2o DIA:

Punta Cana, 12 de Fevereiro 2012

Tiramos o dia para rodar de quadriciclo pelas praias e trilhas de punta cana. Programa bem bacana, recomendo. É uma boa forma de olhar Punta Cana além dos mega hotéis, buscando conhecer um pouco do estilo de vida dos Dominicanos, coisa que dos Resorts você nem percebe.

Fico claro como o povo é bem alegre, vivendo da agricultura e do turismo - apesar de viverem uma vida bem simples e humilde. Os caras plantam café, tabaco, e coisas do tipo. E a grande maioria trabalha direta ou indiretamente com o turismo. Me lembrou muito o nordeste brasileiro com suas disparidades entre turismo bacana x pessoas vivendo na pobreza.

Depois do quadriciclo resolvemos experimentar o cardápio inteiro do bar da piscina. Entre caitinhas, pinas coladas, whiskys, varios drinks com nomes diferentes... Fique esperto pois apesar de ALL inclusive ficou claro como os camaradas metem whisky e vodkas falsificados - da braba!!! Safados!

Passeio de Quadriciclo - Punta Cana

O Passeio passa por trilhas e fazendas



























Pitstop em um barzinho - para tomar umas cervejas locais - no meio do "nada"



Praia - Puna Cana

Riu Palace Hotel - Punta Cana


O Riu Palace Hotel - Punta Cana

Qualquer semelhança com nosso Brasil - é mera conscidência

Os caras fazem uma bebida de feita de raízes que dizem dar
 mais "pressão" do que o Viagra

A arte Dominicana



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3o DIA:

Punta Cana - Tortola (BVI), 13 de Fevereiro de 2012

Acordamos cedo, e logo depois de um bom café da manha no hotel Cocoon, fomos velejar de hobbiecat 16. O tempo ajudou muito com um ventão de uns 15 a 20 nos. Show! O bicho corre como um foguete cortando as ondas. Muito bacana!

Fizemos late checkout e deixamos o hotel as 16:00 rumo ao aeroporto, com destino ao nosso barco em Tortola.

Fica aqui uma dica: nosso vôo Punta-Tortola teve escala em Porto Rico, e lá fomos obrigados a descer do avião e fazer a alfândega americana. Se um de nos não tivéssemos o visto americano estávamos quebrados! Logo, se informe bem sobre escalas e exigências dos entrepostos dos seus vôos antes de sair de casa. No nosso caso, por sorte todos tínhamos o visto do Tio Sam.

Chegamos as 22:00 em Tortola, direto para nosso primeiro pernoite abordo. Nosso barco estava na marina aceso e abastecido, nos esperando.


Praia do Hotel RIU - Punta Cana







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4o DIA:

Tortola (BVI), 14 de Fevereiro de 2012

Roteiro: Joma Marina (Road Town, Tortola) - Norman Island




Acordei com o sol nascendo na marina Joama, Tortola. Vários veleiros e catamarãs em silencio, na brisa leve, balançando e esbarrando suas defensas no cais. Momento de paz plena. Seguida de uma Mijada em solitário olhando pro mar.... A primeira da manha, Indescritível!

Café da manha rápido, e iniciamos o checklist do barco com o Cris - camarada gente boa da Guiana Francesa - responsável por despachar barcos e atender as dúvidas dos clientes. Verifica-se uma coisa aqui, outra ali... Umas dúvida sobre a parte elétrica do barco, outras sobre a capacidade dos tanques de água e pronto 1 hora depois, tudo certo e prontos para zarpar.

Nosso barco é um Lagoon 41 pés - uma "jaca manteiga graúda" - Ty Soizic é o nome dele. Um Monstro de umas 4 toneladas... Bonito e confortável, que empurrado pelo vento alcança uns 7 a 8 nós bem medidos.

A Velejada de hoje foi perfeita. Nunca tinha velejado em um barco tão grande é verdade, mas foi tudo perfeito. 3 horas de um (vento) través de 15 nós constante, sem ondas, sem nuvens, sem sustos. O catamaran veleja manso, sem espetáculo, em silêncio...e ao mesmo tempo com boa velocidade - apesar das velas pequenas e surradas. As empresas de charter sempre diminuem o tamanho dos panos no receio dos clientes (inexperientes como nós) fazerem besteira. Sabia artimanha.

Confesso que prefiro um monocasco menor. Senti falta das adernadas e batidas cortantes nas ondas. Mas é verdade que o estilo do barco de hoje casa melhor com o perfil da nossa tripulação (casais com "marinheiras" de primeira viagem).

As 15:00 apoitamos em uma enseada na "Norman Island", na "baia pirata" (the pirate bay) - logo apos 1 hora de snorkeling nas "the pelicans" (ilhotas miúdas de águas cristalinas). Assamos um peixe na brasa regado a vinho branco. O Sol morreu as 18:00, na nossa popa, regado a Dire Straits no som.

É... hoje foi um dia perfeito.





Nosso Barco - Ty Soisic - Lagoon de 41 pés



Restaurante na praia - Wi-fi liberado, bom local para boas cervejas no fim de tarde




Nosso "grill" - um dos itens mais importantes a bordo


Preparando para Atracar na Norman Island


Por do Sol na "The Pirate Bay"


Nosso visual do fim de tarde, foto tirada da Popa do nosso barco


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5o DIA:

Tortola (BVI), 15 de Fevereiro de 2012

Roteiro: Norman Island - Saba Rock (Virgin Gorda)




Zarpamos as 9:00 - um pouco tarde é verdade. Velejamos no contravento e mar de cara o que nos obrigou a fazer varios ziguezagues (bordos) até chegar na Virgin Gorda (ilha mais a nordeste do arquipélago) às 13:00 para almoçarmos em um restaurante no alto do morro, no ponto turístico chamado the baths.

Pegamos bastante chuva pelo caminho o que obrigou nossa tripulação a ficar no cockpit dentro barco. Resultado: pouco tempo depois a mulherada toda ficou enjoada. Tirando isso, a velejada foi gostosa e tranqüila, sem sustos.

Seguimos por mais uma hora e meia rumo norte, motorando, até apoitarmos as 16:00, no Saba Rock, no lado norte da ilha, na baia chamada Gorda Sound.

Aproveitamos para abastecer o barco de água potável e gelo e seguimos para o bar para experimentar as cervejas e pinas coladas caribenhas.

A noite, fomos os 8 no bote procurar algum agito na noite, mas realmente noitada não é o forte deste "porto".

Nosso ponto de pernoite - "Saba Rock" - North side, Virgem Gorda







Saba Rock tem também uma pousada para velejadores cansados - caro pra caramba, por sinal


Vista da baia - Gorda Sound

Amarrando o barco em uma poita (mooring)


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6o DIA:

Tortola (BVI), 16 de Fevereiro de 2012

Roteiro: Saba Rock (Virgin Gorda) - Great Harbor (Jost Van Dyke)


Às 7:40 nosso barco já estava em movimento. Hoje, o café da manha foi velejando rumo a Jost Van Dyke, ultima ilha a oeste das BVI. Velejamos umas 3 a 4 horas com vento de alheta (vento entrando pela quina traseira direita do bearco, me perdoem os amigos da vela) - e com ondas pelo traves a boreste. O barco rebolava pelas ondas e as mulheres enjoavam pelo convés. Em pouco tempo todas elas rolavam mareadas resmungando e pedindo remédio de enjôo.... Abusamos delas hoje, é verdade.

Seguimos nosso prumo a oeste em um vento manso de 12 nós, e as 12:30 apoitamos para um "pitstop" em uma ilhota chamada Sandy Cay - parada perfeita, para 1 hora de caminhada e snokerling em mar calmo. Nesta ilha os caras de Hollywood costumam filmar trechos de filmes xe náufragos e coisas do tipo. Praia linda, por sinal.

Seguimos por mais 40 min no motor e apoitamos na Jost Van Dyke às 14:00, onde a última poita disponível nos esperava. Nas duas horas seguintes vários barcos continuavam chegando rodando a pequena enseada em busca por uma delas em vão, restando pra eles a opção de ancorar quase fora da Great Harbor.

Nesta enseada rola uma das noitadas mais famosas de Tortola - no Foxys. Um bar de praia caribenho com musica ao vivo onde se aglomeram todos os gringos velejadores após às 10:00 da noite.

Hoje a louça foi minha. Depois de strognoff de frango regado a uma meia dúzia de canecas de vinho, lá fui eu para poupa do barco com balde cheio de pratos e talheres refletir sobre a viagem e sobre a vida. Duro foi agüentar o sol na lata, já estou tão esturricado que minha pele mais parece uma carne seca nordestina.

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7o DIA (LAST DAY):

Tortola (BVI), 17 de Fevereiro de 2012

Roteiro: Jost Van Dyke - Tortola (RoadTown, Marina Joma)



Acordamos sem pressa hoje. Nossa velejada começou as 10:00am. Velejamos por 3 horas com vento contra fazendo vários bordos rumo a leste, subindo o Drake Channel. A velejada foi show hoje. O mar calmo ajudou e os ventos de 12 a 15 nós também. Um casal de baleias veio nos saudar meio como para se despedir dado que hoje foi nosso último dia no mar.

Chegamos na Joma Marina as 14:00. Muito bom tomar um banho de chuveiro no vestiário com água doce abundante e sem pressa. Fizemos o "checkout" do barco logo após a chegada, mas aqui permaneceremos até amanhã cedo, dado que nosso voo será no sábado às 8am.

Valeu! 5 dias no barco valem como 15 em terra. Bacana velejar em um catamarã - bom pelo espaço interno e pelo conforto. Quanto a velejada em si, prefiro um veleiro monocasco mesmo. Senti falta das adernadas e do barco estourando nas ondas. Mas valeu muito. Alma lavada, contador zerado, saudade de casa e dos nossos filhos. Amanha teremos um longo trecho de volta pra casa, com escala em Porto Rico, Punta Cana, Venezuela para finalmente pousa em Guarulhos as 6am de domingo.


Atracando na Marina Joma - Roadtown Tortola


Adeus "Ty Soizic", belo barco, adeus Tortola !


Início do nosso longo translado de volta: Tortola - Porto Rico -
Punta Cana - Caracas - SP (Guarulhos)

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DICAS FINAIS (PÓS VIAGEM):


Segue aqui sugestões & dicas para uma velejada segura em Tortola. A maior parte delas colhidas nas 2 vezes que velejei por estas bandas:

- BVI é a "disney" do mundo a vela e dos charters. Organizado, demarcado, feito por gringo.. para gringo, feito para dar certo e funcionar. Logo não fique tenso por ser longe do seu mundo, pois é como ir a "disney";

- BVI deve ter uma frota de mais de mil barcos de aluguel, de todos os preços e tamanhos. As duas companhias mais caras são a morring.com e sunsail.com, e tem varias outras menores, com frotas menores.  Os tipos de serviço (escopo) entre elas são similares, e a grande diferença esta na idade dos barcos e por consequência nos preços (as top, tem barcos entre 1 a 5 anos). Eu usei está aqui e não tenho nada a reclamar (http://www.bviyachtcharters.com/);

- Esqueça seus tênis, sapatos, salto altos, calças, etc. O visual por aqui é camisas/camisetas, bermudas e chinelos. Ate mesmo nos bares a noite;

- melhor época: novembro a maio. Junho e julho é muito quente, além do que de julho a outubro rola risco de furacões;

- não se preocupe com casacos e nem com ar condicionado no barco. De dia é quente (~27 graus) e de noite é agradável (~23 graus) - Você dorme tranquilo de lençol;

- não se preocupe com provisões antecipadas para o barco (comprar pela internet ou coisa do tipo). No centro de Tortola - em Road Town, tem bons mercados com boas opções e bons preços. Evite o mercado "Bobbys" (mais caro). Sugiro o "Right way" em frente a Marina Joma;

- monte suas velejadas de forma que se inicie cedo (7am a 8am) e termine por volta das 2pm. Chegando depois deste horário corre-se o risco de vc não encontrar poita (mooring) disponível ou um bom ponto para ancoragem;

- Leia com atenção o material descritivo que vc receberá no chart briefing, pois existem vários detalhes e regras importantes a serem respeitadas tais como: cores e preços das poitas, regras sobre parque nacional, regras sobre locais de ancoragem, horários de navegação, telefones de emergência;

- toda navegação é visual e muito bem sinalizada. Não se preocupe se vc não for um capitão super expert;

- é obrigatório encerrar navegação até as 5pm. E não adianta dar uma de esperto, pois esta regra é para sua própria segurança e os barcos (a maioria) são chipados e os caras da marina te acompanham pela tela do computados;

- compre previamente um guia chamado "The cruising Guide to The Virgin Islands"- você compra ele pela internet pela Amazon ou similar. Nele tem todos os detalhes sobre cada ilha, sobre cada enseada. Vale muito a pena. E ande com ele "embaixo do braco" junto com a carta náutica.

- sobre a lista de compras, não precisa exagerar - no meu caso, 20% a 30% do que comprei, sobrou. Existem vários restaurantes e pontos de reabastecimento ao longo do caminho;

- um churrasquinho a bordo é muito bem vindo, não esqueça de pedir para os caras da marina prenderem uma churrasqueira (grill) no seu barco;

- junto com o barco vem todo equipamento necessário para navegação e pernoites: carta Nautica, lanterna, binóculo, toalhas, talheres, copos, lençol, travesseiros, etc. Vc não precisa trazer nada de casa;

- mala pequena, por favor! caso contrário sua cabine vai ficar entulhada. E lembre-se que no mar vc gasta pouca roupa, ficando a maior parte do tempo de sunga / biquíni;

- não esqueça de levar: filtro solar, chapéu e óculos escuro. Vc vai precisar muito deles. Repelente é bom ter a mão, apesar de que não precisei utilizá-lo;

- locais que considero "pernoite obrigatório": 1 - Norman island, the bight - rola uma noitada legal em um navio pirata (Willian T); 2 - Sabba Rock, na Virgem Gorda - visual lindo, e se vc apoita por lá vc ganha de graça gelo e água potavel para o barco; 3 - Trelis Bay, na Beef island, onde tem um cara que toca uma guitarra muito louca a noite, 4 - Great Harbor, na just van dyke - onde tem o Foxys - barzinho de praia com musica caribenha; 5 - nao fui na anegada (ilha mais distante) - pois me faltou tempo, mas dizem que é show, apesar de ser uma velejada mais distante e de mar aberto;

- não precisa trazer nenhum equipamento de mergulho: o básico (pé de pato e máscara) a própria empresa de charter deve te fornecer gratuitamente, já equipamento para mergulho autônomo (tanques, reguladores, etc) é moleza alugar;

- a moeda local é dólar americano e todos os locais aceitam cartão de crédito;

- internet: nos pontos principais de ancoragem (como os que citei acima) rolaWi-fi de boa velocidade e gratuito;

- tomadas do barco são de padrão diferente do bradileiro, logo não se esqueça de pedir na marina por inversores 12v e adaptadores, bem como o cabo para seu iPod;

- antes de zarpar, faça um checklist verificando tudo no seu barco, se informando previamente sobre bom funcionamento dos equipamentos eletrônicos, recarga de bateria, uso do motor, velas, etc. Tire todas as dúvidas, mesmo que sejam básicas - os caras da marina já estão acostumados com estas perguntas;

- por fim, não esqueça de levar uma bandeira do Brasil (e uma bem grande do Vascão!!) para pendurar no barco! E boas velejadas!