quarta-feira, 23 de abril de 2014

Mudanças, uma atrás da outra...

São Paulo, 23 de Abril de 2014.

Entre datas de partidas, planejamentos e sonhos, lidamos intensamente com a dúvida e muita ansiedade nestes últimos meses.

Como já disse em outro post, já tinhamos colocado tudo a venda: barco (Lafitte), apartamento, moto, etc.  Mas ainda não conseguimos negociar as principais coisas o que vem limitando bastante nossas principais ações, pois são justamente destes bens que virão a bufunfa da nossa viagem.

Além deste processo enfrentamos também o início dos nossos filhos na escola americana aqui em SP o que representou um grande desafio e esforço de adaptação de todos nós: afinal, são duas escolas e alfabetizações em paralelo - a primeira, uma escola tradicional brasileira, a segunda uma escola americana buscando facilitar a transição futura deles para o novo idioma.

O povo que mexe com terapia e educação infantil quase nos matou dizendo que estávamos cometendo um sacrilégio com a mulecada forçando demais o cérebro deles. OK, eu entendo - vocês tem uma grande parcela de razão...  "Mas o que vem pela frente vai valer a pena!", nos convencemos.

No meio deste turbilhão de atividades e emoções aprendemos muito e tiramos importantes conclusões, principalmente que nossa dinâmica familiar precisa ainda ser amadurecida para podermos nos lançar ao mar. Isso não significa nenhum tipo de revolução, mas principalmente dar tempo ao tempo para acalmar e solidificar as ações e mudanças que a gente vem empregando no dia-a-dia.

A mulecada ainda tá muito jovem, no meio da alfabetização e, principalmente, na fase de aprender importantes regras, limites e responsabilidades que serão vitais ao longo de toda sua vida. E muito nos assusta interromper este processo de amadurecimento de forma precoce sem ter certeza se saberemos lidar com isso de forma independente navegando por ai.

Em paralelo a tudo isso vem o nosso aprendizado no mar que avança rápido a bordo do Lafitte (nosso "barco escola"), mas é fato que ainda somos calouros. Já dominamos bem a dinâmica da navegação costeira e cotidiano a bordo sendo capazes de navegar por qualquer canto aqui pelo litoral entre SP e RJ em situações normais, mas dai para nos lançarmos em uma travessia mais longa ainda nos falta (muita) experiência. Temos certeza que dado caminho atual este conhecimento virá naturalmente com o tempo.

Por fim, querendo ou não, ainda estou mergulhado na carreira, e o dinheiro pesa bastante pois cada ano trabalhado pode representar bons anos de sossego no futuro. Belos dilemas!

Com todo este contexto tomamos uma das decisõs mais difíceis dos últimos anos: cravamos nossa data de partida para 2016-2017 - postergando mais dois anos e meio nosso sonho. "Vamos deixar a mulecada crescer um pouco mais..  e quando o Lucca (o mais velho) chegar perto dos 9 anos a gente parte", assim idelizamos. 

E junto desta decisão, veio outra igualmente importante: aceitamos a oferta de emprego que recebemos recentemente (falei sobre ela alguns posts atrás) - e na última semana pedi demissão do meu emprego atual e assinei com o novo.

Pronto, decisão tomada, tudo acertado. Data de partida postergada e cravada! Ufa!! ...caramba, saiu um chumbo das minhas costas.

Agora teremos mais 2 a 3 anos pela frente para (com calma) acumular milha náutica, alfabetizar nossos filhos nos dois idiomas, preparar emocionalmente nossa família e, também importante, resolver as questões financeiras e administrativas que envolvem nossa partida (sem afobação).

O ponto chave de todo este processo foi nos dar conta de que estava "antecipando" a saída para uma nova vida não devido a contexto familiar ideal (se é que a palavra "ideal" pode ser aqui empregada), mas sim pois estava de saco cheio de todo contexto atual é grande ansiedade por mudanças. Ou seja, talvez estivéssemos partindo para um sonho bacana, porém pelos motivos errados e na hora errada.

Página virada, ....mas agora meu medo é outro.

Com essa mudança de emprego estou retornando para o mundo corporativo pesado na antiga multinacional onde me criei e dediquei intensamente (visceralmente) por 15 anos. O meu processo de saída de lá 5 anos atrás já tinha sido muito difícil e doloroso com uma imensa carga emocional. E cá estou eu voltando indo de encontro a essência do capitalismo para lidar com egos, patentes, cargos, títulos, carreira, ...bem distante do estilo de vida que estou mirando no futuro. 

Quando se tem um propósito forte os desafios de curto prazo tendem a ser mais fáceis de digerir. Mas por incrível que pareça meu maior medo é justamente ficar novamente preso e viciado dentro dessa corrida corporativa e me perder lá dentro e por consequência me afastar dos nossos sonhos.

Mas não perdi tempo, já tomei minha contra-medida como proteção a tal risco: logo depois dos papéis assinados catei no google e corri para cravar nossos sonhos e objetivos.

Pronto! Agora tá na pedra! Ou na pele?! ...agora sempre que me olhar no espelho vou me lembrar do caminho que estamos seguindo.