segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Amargurado

Sao Paulo, 31 de Agosto de 2015


Talvez esta seja a melhor palavra para descrever o sentimento que tem prevalecido ultimamente: amargura. Tem dias que me arrasto para o trabalho. Acordo, faço barba, faço café, cato a bagunça da molecada  ..pego minha motoca e me espremo entre carros pelas avenidas de São Paulo junto aos amigos motoboys até o trabalho.  E sigo pensando na vida.

A cada semáforo paro, olho pro sol e pergunto para os guias e amigos lá de cima "O que posso fazer para acelerar nossos planos?", pergunto. "Calma rapaz, aproveite cada dia nesta reta final pois a hora de vocês esta chegando, calma.", é o sentimento que me vem de volta.  Ta bom, não esta fácil mas vamos caminhando.


Virou hábito todo dia abrir minha planilha, atualizar os planos e repassar cada coisa que falta para podemos ir embora de vez.  Me dá um prazer monstruoso quando tenho a chance de colocar mais um " ok / done" em alguma atividade planejada. Recentemente fiz isso dado a venda do nosso amado Lafitte (nosso veleiro delta 36). Menos um item na planilha. Agora estamos "boatless". Doeu de novo mas foi mais um passo importante dado.

Das quatro coisas mais difíceis de vender, duas ja se foram: o barco e nosso apartamento em São Paulo. Falta agora umas coisas em Niterói mas em tempos de Dilma com economia fracassada não está fácil vender. Seguimos na luta e quem sabe o telefone toca a qualquer hora e ai sim daremos o passo derradeiro para o nosso futuro.

Laffite teve um papel de extrema importância na materialização do nosso sonho. Foi nosso barco-escola, casa de praia, local de todos finais de semanas, férias, feriados, carnavais, ano novo..  dos últimos 3 anos.  Com ele fomos marinizados, aprendemos, viajamos  para lá e para cá entre Angra e Ilhabela. 


Paraty também foi fantástico, pouco falei sobre isso pois escrevi pouco por aqui neste ano, mas por quase 10 meses curtimos quase todos finais de semana  cada enseada, cada praia...cada sombra de amendoeira. Ilha da Cotia, Saco do Mamangua, Ilha do Cedro..  são locais que sem duvida ficaram guardados com carinho para sempre. Fizemos vários novos amigos neste periodo e conhecemos também o quanto é agradável e confortável deixar o barco em uma marina - diferente do período de poita que tivemos na ilhabela (legal também, bem mais barato, porém desconfortável).

Talvez a amargura também venha disso. A venda do Lafitte representa um passo a frente, porém ao mesmo tempo um passo atras na qualidade dos nossos finais de semana - e por conseqüência da vida em São paulo.  Era como um remédio que todo fim de semana a gente tomava e ajudava a anestesiar os dias de semana. Os próximos meses devem ser "duros" aqui pela selva de pedras. Cada escolha, uma renúncia.

Para curar essa ressaca, ja corri na internet e marquei passagem para o Caribe agora em outubro.  To indo sozinho de mochila nas costas, fone nos ouvidos e muitos planos na cabeca. Já estou em contato com dois brokers e devo pingar de ilha em ilha olhando uns 20 barcos para intensificar nossa pesquisa e chegar a conclusão final da nossa compra. Catamaran x monocasco? qual tamanho ? que marca? ..sei la.  Nada definido ainda.

O dólar ta batendo quase R$3.70, nos atrapalhando muito no momento..  (não consigo comprar o barco ainda) mas também não podemos depender do Lula ou Dilma para partirmos para nosso sonho. A solução está sendo diminuir o tamanho do barco ou aumentar a idade dele - e por conseqüência diminuir o valor em dólar do que vamos comprar.


Com foco na viagem o tempo deve voar rápido, e de ilha em ilha vamos avançando nossa travessia oceânica - quantas coisas a fazer para podermos ir embora.

E to com a sensação forte de que na hora que o barco certo pintar, junto dele vai vir o dinheiro que falta para comprarmos (fruto da venda do que falta em torno da gente).

Quem sabe ?! ..ou será que estou ficando esotérico demais ?!



Valeu Lafittão !!!  Seja feliz com seu novo dono!!