sábado, 18 de maio de 2013

Tirando habilitações, acumulando experiência

São Paulo, 18 de Maio de 2013

Como já citei no último post, temos periodicamente despencado de São Paulo para a Ilhabela para velejar (e sonhar) nos finais de semana. Além de zerar o contador,  temos usado estes bons momentos para absorver o máximo de conhecimento possível.

Como ainda não tirei as habilitações da marinha (carteira de arrais/mestre/capitão), temos sempre colocado alguém mais experiente (e habilitado) para nos acompanhar no barco.  Por vezes, tenho levado o próprio Almir - marinheiro que toma conta do nosso barco na ilhabela - o que tem sido muito bom. E se por um lado me custa um pouco a mais (pois combinei com ele sempre pagar um diária nestas saídas), por outro nos traz mais segurança a bordo e aproveito para sugar todo conhecimento possível. Ora colho uma dica sobre a Ilhabela ora vem uma dica sobre ancoragem, pergunto sobre mecanica, regulagem das velas, marés, horários, luas, e por ai vai. Chato pra caramba, heim rapaz !! :)

Outra boa fonte de aprendizado tem sido o recém amigo Vini - dono da escola ViniVela (escola de vela/despachante nautico que fica na ilhabela).  Fechei com ele um pacotão para tirar as carteiras de arrais e mestre tanto para mim, quanto para minha esposa.  As aulas rolam individuais ou em dupla.. e tenho aprendido muito debruçado sobre apostilas e livros. Tenho, inclusive, uma lista de mais de 20 livros e apostilas já compradas, vários ja lidos.. e outros ainda por ler.

Para você que é leigo no assunto (que nem eu).. vou dar um pouco mais de detalhes sobre as habilitações da marinha:

Diferente do mundo sob rodas, onde o DETRAN simplesmente te habilita para andar de carro, ou de moto ou de caminhão. No mar, a marinha quebra as habilitações pelo tipo de navegação que tu esta autorizado a fazer:  o nível mais xulé das habilitações é a tal arrais amador.. que te autoriza a navegar em águas abrigadas (é a que 80% das pessoas tem); um andar acima, tu vira mestre amador, neste caso você fica habilitado a fazer navegação litorânea/costeira (para você ter uma idéia da amplitude desta habilitação, com ela você esta autorizado a ir do Brasil ao caribe sempre costeando/mantendo terra a vista); e o último nível/andar você já se torna capitão amador, e neste caso vc fica autorizado a navegar por mar aberto, distante da costa (+de 30 milhas).

Verdade é que o conteúdo estudado para se tirar a carteira de arrais (1o nível) é uma chatice só. Decoreba pura!

Aqui você aprende nomes de parte do barco, tipos de ancora, aprende a reconhecer sinais (sonoros, visuais), e conhecimentos básicos sobre combate a incêndio e regras para evitar batidas (abarroamentos), etc. Melhorou um pouco do ano passado para cá pois marinha passou a obrigar o povo a fazer aula prática também.. o que já força pelo menos que o santo saiba o básico, sendo capaz de deslocar a embarcação por ai.

A história começa a ficar mais interessante quando você avança para mestre..  aqui sim o conhecimento progride para assuntos mais interessantes como navegação, leitura de carta náutica, montagens de roteiros, uso da bússola, latitude/longitude, e por ai vai. E mais bacana ainda é o conteúdo estudado para capitão, onde se aprende até navegação astronômica, correntes marítimas, meteorologia, ..   assuntos com muito mais profundidade de conhecimento geográfico, muito mais interessantes.

Fato é que, ansioso que sou, estou fazendo tudo ao mesmo tempo.  Já estou com a prova de arrais agendada para o dia 28 de junho, em São Sebastião, e em paralelo tenho estudado a fundo o conteúdo para mestre amador.. prova que devo fazer logo 30 dias depois.. e ja to com o livro de capitão guardado na minha cabeceira, esperando na fila. Minha meta é assegurar arrais e mestre agora dentro do ano (2013) e no primeiro semestre do ano que vem, partir para prova de capitão.

...além deste conhecimento náutico, temos avançado também em outras esferas que entendemos serem conhecimento obrigatório para nossa circunavegação.  Minha esposa - 100% comprometida com nossos planos e sonhos, acabou de finalizar neste mes o curso de primeiros socorros (feito na cruz de vermelha de sp). Em uma semana ela aprendeu bastante coisa.. conhecimento que deve se tornar fundamental quando estivermos no meio do nada, longe da civilização, ancorados em alguma praia de areia branca no meio do pacífico com nossos filhos.

Agora.. podemos enfartar a bordo ou mesmo entalar com um caroço de azeitona, que a bichinha já sabe como nos socorrer. Tudo bem que não to nem um pouco afim de testar se ela aprendeu alguma coisa mesmo neste curso..  :))

...estamos acelerando !! Nos aguardem!





segunda-feira, 13 de maio de 2013

Marinizando a família

São Paulo, 13 de maio de 2013

Atualizei recentemente nossa planilha que consta todos os nossos planos e sonhos. São várias atividades a realizar, livros a ler, roteiros a pesquisar, muito a aprender, bastante experiência a acumular sem perder de vista as três habilitações da marinha a tirar.

Enquanto atualizo os planos, penso nos principais desafios e atividades que podem atrasar ou mesmo encerrar precocemente nossos sonhos. Entre elas a marinização da nossa família sem duvida é uma das mais preocupantes. Afinal, se esposa ou filhos não se adaptassem ao barco e ao mar, o plano nem decolaria, simples assim.

Mas este risco já virou passado.

Com o Lafitte na Ilhabela, simplesmente virou moda irmos todas as sextas a noite para velejar o fim de semana. E assim o fizemos por vários finais de semana consecutivos. A época do ano tem ajudado com estradas mais vazias, dias ensolarados e clima perfeito.  Um dia vou entender o porque do paulistano fugir do litoral no outono/inverno...   (dado que esta época - na nossa visão, é a melhor época do ano).

Nosso barco fica apoitado em uma pequena enseada ao lado do Pinda Iate Clube. Em um mar manso o barco fica a poucos metros da areia facilitando muito o vai pra lá e pra ca das crianças. Perfeito. melhor estraga. Neste começo temos evitado correr qualquer tipo de risco com nossos filhos a bordo, e nossos  pernoites tem sido na própria poita e nas saídas pra velejar sempre levo comigo alguém que possa me ajudar no barco... De preferencia alguém mais experiente que possa me dar algumas boas dicas. E sem sustos, como em um ambiente controlado, temos caminhado degrau a degrau.

E entre mergulhos noturnos, boas velejadas, histórias de bichos e natureza, brincadeiras e churrascos, naturalmente meus filhos se ambientaram e se encantaram com o clima a bordo. Ja tivemos ate fim de semana que minha esposa nao pode vir... e eu vim com eles sozinho. Impressionante a capacidade de adaptação da mulecada. Duro tem sido tirar eles do barco domingo a noite para retornar para nossa vida urbana em SP. Em coro eles gritam e reinvindicam ..."papaaaaai, nao queremos ir embora... Queremos morar no barco!! "

"Calma que vai chegar nossa hora!", eu emendo.

Pronto! Menos uma preocupação em mente. Agora é dar seqüência ao ano, aproveitando os fim de semanas e feriados para acumular mais experiência e naturalmente deixar a marinização da família fluir.

Bola pra frente!