quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Novo Site!


Amigos,

é com satisfação que comunicamos 

Este aqui é o último post deste blog 
(www.itacaresailing.blogspot.com.br)


 Itacaré Sailing agora esta de cara nova!! E a partir de agora toda a nossa história será contada através do nosso novo site:






Atenção:

- este domínio aqui (blogspot) continuará no ar, porém sem atualizações.

- No novo site mostraremos muito mais detalhes sobre a nossa aventura: 
  • Além de todos posts do nosso antigo blog, 
  • Contaremos mais detalhes sobre os bastidores do nosso projeto,
  • Nossa rota,
  • Novos vídeos 
  • Entre outros 
  • Acompanhem!!


Entre agora e cadastre-se para receber atualizações (www.itacaresailing.com.br





quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Com tristeza deixamos a Flórida rumo ao Brasil. No retrovisor, o furacão Irma a caminho.

Fort Lauderdale, 6 de Setembro de 2017.

Escrevemos estas palavras "ao vivo" seguramente sentados em um restaurante dentro do Aeroporto de Fort Lauderdale, na Flórida. Uma mistura de sentimentos passam pela cabeça no momento.

Apoiando na mesa estão os bilhetes do voo da Avianca para o Rio de Janeiro. Era para estarmos todos felizes em poder retornar para pátria amada para pelos próximos 35 dias curtir o carinho e o calor de amados amigos e familiares.

Mas a verdade é que a chegada do Furacão Irma tirou qualquer alegria da nossa viagem. Ao invés de nos sentirmos retornando para casa, nos sentimos sim fugindo da boca de um mostro categoria 5, destruidor de lares e sonhos.

Enquanto escrevo pipocam na tela da TV imagens vindas de Porto Rico. Na tela do nosso ipad.. mais notícias das Ilhas Virgens e Saint Martin, no leste do Caribe. O Irma acabou de passar por lá - o olho do furacão, exatamente por cima da ilha. Nada ficou de pé.

Em BVI, todas as casas perderam telhado. Prédios vieram abaixo, carros estão revirados pelas ruas, árvores derrubadas, ruas alagadas... E nas marinas... - ai ai ai... é ai que meu coração aperta mais - os barcos estão embolados e empilhados como se tivessem saído de um liquidificador. Não sobrou um inteiro.

Por mais que estejamos devidamente seguros, com toda nossa familia sã-e-salva, não dá para o coração não encher-se de tristeza.

A previsão do NOAA (centro metereológico dos EUA) mostra claramente que o monstro vem para Flórida preservando o seu M. O M é de major - grandioso ou M de "vai dar Merda", como você preferir.

No caminho ele ainda deve arrasar nossa querida Bahamas e Turks & Caicos - lugares amados de água cristalina que tanto velejamos e fizemos amigos meses atrás.

Aqui pela Flórida a vida já mudou o seu rumo natural.

Nos últimos três dias estivemos na casa dos nossos queridos amigos Lawrence e Linda, em Vero Beach (2 horas acima de Fort Lauderdale). De noite, tivemos jantares agradáveis e ótimo bate-papo. Mas de dia foi um corre-corre danado para tentar preparar a casa para o pior.

Em uma operações de guerra em pouco tempo eles amarraram árvores, retiraram tudo pelo jardim, tamparam janelas e organizaram o interior da casa tentando acumular em um quarto as coisas mais preciosas. "Acho que na sala é mais perigoso, pois a chaminé pode vir abaixo", dizia ele.

E ontem o tempo precioso foi ainda mais encurtado pois tive que ir mais uma vez a St Augustine (3 horas e carro acima) para acertar os últimos detalhes com a Marina e checar pela ultima vez as amarrações do Itacaré.

Gostaria de poder ter ajudado mais. Saímos com sentimento de que pouco fizemos por eles.

"Fique com Deus amados amigos, e amado Itacaré". Nos despedimos com coração apertado e seguimos nosso rumo.

No caminho para o aeroporto ja vimos o princípio do caos começar a formar-se.

Postos já sem gasolina com filas imensas - mercados desabastecidas, e um mundo de gente na estrada seguindo em direção ao norte. O governo já a disparou o alerta de evacuação e liberou os pedágios da estrada facilitando que o povo evacue as cidades mais ao sul.

Para trás ficam as casas e sonhos. Para frente a esperança de sair ileso e a torcida para que o mostro vire um pouco para direita e vá se perder em algum lugar no meio do Atlântico.

Nossos corações apertam ainda mais quando imaginamos como será que encontraremos o Itacaré daqui há 35 dias. Fizemos nossa parte. Deixamos ele no seco amarrado no chão, sem velas, todo limpo no convés, já preparado para pauleira.

Há duas horas de distância daqui de Fort Lauderdale.. St Augustine também encontra-se na rota do monstro.

A nosso favor temos o fato do barco estar no seco, a posição da nossa marina dentro de um rio fora do alcance das ondas destruidoras vindas do mar, e temos também, sem duvida, a posição de St Augustine ligeiramente mais para Oeste no final da curva que o continente americano faz para dentro.

Contra a gente temos o prognóstico ruim do mostro passar com seu olho beirando a costa arrasando as cidades litorâneas...

Vamos ver no que vai dar.

A parte boa disso tudo é o sentimento de que somos filhos do mundo.. e que nossa vida é bem simples hoje cabendo dentro de duas malas. E se estamos bem, juntos e com saúde .. qualquer sonho podemos reconstruir, em qualquer lugar.

Enfim.... vida que segue. E em 5 dias descobriremos que rumo nossa aventura deve tomar.







quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Do mar para Terra

Stephentown/NY (Alpes Campground), 24 de Agosto de 2017.

Um ano atrás viemos da terra para o mar ansiosos por deixar a civilização para trás. E agora fizemos justamente o caminho contrario e ansiosos seguimos nossa aventura por terra rumando ao Norte pelas estradas perfeitas dos EUA abarrotados de tralhas e sonhos em busca do frio, do silêncio e da paz da floresta. 

E hoje estamos acampados bem ao norte do estado de New York no meio de uma reserva florestal quase fronteira com o Canadá de onde escrevo ao vivo estas palavras. 

A vida no mar já é um grande "acampamento" e nossa tripulação não teve dificuldade para naturalmente se adaptar a nova aventura. Eu já tinha sido mulambo profissional na minha juventude, já minha amada nunca tinha vivido essa experiência. Quer saber como ela se saiu? ...espetacularmente adaptada e ambientada! A mulher é danada! Ela tem dormido como um anjo na barraca, feito trilha morro acima e tem cozinhado divinamente em um pequeno fogão de uma só boca alastrando o cheiro de comida mato adentro despertando ursos e guaximins.

E por falar em urso.... é ele quem tira meu sono hoje assim como o vento tirava na nossa vida no mar. E por aqui é normal eu acordar no meio noite com o estalar das madeiras e fungar de bichos em torno da barraca. Até agora vimos veados, guaximins, esquilos, coelhos e gambás. E basta a escuridão tomar conta que eles surgem de mansinho atrás de comida. 

Mas urso mesmo até agora não vimos. Ainda bem ! Ou que pena ? Os sentimentos aqui são misturados equivalentes ao sentimento que temos pelos tubarões na nossa vida no mar. Por um lado queremos que eles apareçam pois assim teremos mais história pra contar, mas por outro queremos eles distantes visto nossa insignificância ao lado deles. De novo o quente-frio da vida.

Percebi que a floresta assim como uma boa fogueira me traz paz e tranquilidade equivalentes a que sinto quando fico parado na popa do barco olhando pro mar. Chegamos a conclusão de que a fogueira deve ter sido a "TV" dos tempos antigos tamanha a capacidade de atração do nosso olhar e pensamentos profundos. Ouvi essa sacada do meu amigo Ferão enquanto divagávamos sobre a vida e os problemas do mundo enquanto olhávamos para o fogo. Faz total sentido!

Acredito que to virando um mestre foguereiro, tamanha a quantidade de braseiro que acendo. Faço ela de noite, de dia, com madeira molhada, seca, graveto, sem graveto ... do jeito que tiver. Aço carne, linguiça, cogumelos, milho, salsicha... tudo no braseiro de lenha selvagem recolhida por perto. Um espetáculo! 

Demos pro nosso caçula de aniversário um pequeno machado e ele tem se aprofundado orgulhoso junto comigo na carreira de lenhador. "Pai, antes meu sonho era ser jogador de futebol... mas agora eu quero ser lenhador profissional, tudo bem?", pergunta ele. "Tudo bem, filho", digo eu.

Nossa equipe do mar até que tem se saído muito bem em terra. E, para ser sincero, ninguém até agora reclamou de saudade da vida a bordo. Estamos em paz com isso até o momento, mas vamos ver mais a frente.

Já passamos por vários estados até o momento - Florida, Georgia, Carolinas, Virginia, New York, Vermont, New Hapshire e Maine. Até aqui uma imensidão de verde por todos os lados, temperatura super agradável e vida selvagem muito bem preservada.

A gente acredita orgulhoso que Brasil é o pulmão do mundo mas depois de rodar dias e dias seguidos por estas bandas comecei a duvidar desta tese. Os EUA é lindíssimo, extremamente preservado com verde pra todo lado, muito bicho e casinhas com jardins impecáveis convivendo em harmonia com florestas assim como a gente vê nos filmes. Tudo dos sonhos! E não estamos falando de somente um Estado mas sim de quilômetros e quilômetros de Estados seguidos.

Você aí que pensa que somos aventureiro demais vale um comentário final: Acampar pelos EUA nada tem a ver com acampar no Brasil. A conclusão é quase óbvia: por aqui é seguro e as coisas funcionam.

Você chega em um campground e encontra tudo limpo, com posições das barracas devidamente demarcadas. E se você quiser reservar com antecedência, basta fazê-lo pela internet. Cada espaço tem uma própria área de fogueira/braseiro já cravada no chão (e com grelha!). Pontos de água potável estão espalhados por todos os cantos e, o mais surpreendente.. sabe o que você acha quando entra no banheiro ? Papel higiênico !

Mas não para por ai não. Tem também papel toalha para mãos, sabão e água quente. Tudo limpo, bem cuidado e organizado. E tudo isso mantido pelo estado, acreditas? E esse relato aqui faço depois de passarmos por 4 campgrounds diferentes em diferentes estados. Não estamos descrevendo a exceção, mas sim a regra - sendo este o padrão deles por aqui.

Quer ficar mais P ?! 

Sabe quantos funcionários uma reserva estadual destas tem ? Muito poucos. Não precisa ser diferente. Sobretudo pois o povo que frequenta é educado e não deixa lixo para trás. Quando alguém usa o banheiro deixa tudo impecável, sem rastro. A mentalidade aqui não é a do tipo "já que estou pagando, o mundo que se exploda". Mas sim a de que "se eu sujar, preciso limpar... pois sou responsável pelo que faço". Os caras trazem até vassoura no carro para varrer os pequenos restos de lenha que ficam em torno do braseiro. E quando saem parece que o espaço é novo, recém montado. 

A mentalidade desta galera aqui esta há anos luz a frente da nossa brasileira. Sinto uma mistura de raiva e tristeza quando penso nisso.

E a grande diferença não está nos políticos, mas sim no indivíduo. É claro que toda regra há exceção. Mas a grande média do povo americano é formado por indivíduos que respeitam as regras e cumprem as leis e que preservam um sentimento enorme de responsabilidades individuais e de comunidade. 

Já nos brasileiros.... ahh... Brasilllll... minha pátria amada...

Vou parar por aqui e deixo você completar esta reflexão. Afinal esse blog não é sobre política ou coisa do tipo, mas sim sobre nossas andanças e reflexões enquanto rodamos por ai.















sábado, 19 de agosto de 2017

Batendo Cabeça

Ogunquit/Maine, 19 de Agosto de 2017.

Os últimos dois meses foram bem diferentes do que vivemos nos últimos doze meses ancorados pelos mares do Caribe. Depois que chegamos nos EUA a bússola do Itararé rodou de um lado para o outro com planos indefinidos na tentativa de encontrar o nosso norte.

Chegamos a planejar subir a costa leste de barco, mas nossos planos foram por água abaixo depois que percebemos que seria um teste pra cardíaco passar com nosso mastro raspando debaixo de tantas pontes pelo caminho. Com 63.8 pés.. contra 65 das pontes daria para passar com pequena folga na mare baixa, nao eh?! Mas a realidade eh bem diferente... 

No rio o volume de água pode ser bem maior ou menor dependendo do volume de chuvas que por vezes ocorre a milhas distantes, apesar da carta náutica falar de determinada profundidade e tamanho de maré para o dia. E como vc prevê isso ?!

Se você ligar pra guarda costeira, para as marinas, para os engenheiros responsáveis pela manutenção da hidrovia... ou para o TowBoatUS (uma espécie de touring deles) todo mundo te tranquiliza .."just go in the low tide", dizem eles. Mas o coração acelera mesmo quando você chega no pé da ponte e percebe que a marcação de metragem esta menor do que deveria ser. E ai, o que fazer ? Aconteceu com a gente! 

Navegamos por horas rio acima, passamos por duas pontes com sucesso.. mas na terceira (no melhor horário da maré !) um anjo soprou no meu ouvido "vai devagar pois o bicho vai pegar!".

Em alerta, reduzi quase parando - mesmo depois de ter passado bem nas duas primeiras pontes de mesmo tamanho. Não deu outra. Só não tivemos uma tragedia dado o sopro do anjo, e dado nossa prudência. Na véspera a Branca me levantou no topo do mastro e eu apontei nossa antena do radio (VHF) pra frente preventivamente servindo como um "escudo do mastro". E foi ela mesmo quem explodiu na ponte.... antecipando a catástrofe. Como vínhamos derivando bem devagar deu tempo de inverter o motor e parar o bichano a tres dedos de quebrar o topo do mastro na ponte. 

Com o coração quase pulando pela boca dei meia volta e retornamos 3 horas rio abaixo de volta para nossa ancoragem e depois do quase infarte abortamos a ideia de subir ao norte pela Intracoastal (ICW) - a famosa hidrovia americana que liga a costa leste de Norte a Sul e foi construída na segunda guerra para facilitar a logística de guerra americana evitando os submarinos alemãs. Enfim, historias a parte.... fato eh que não da para seguir viagem subindo 1000 milhas pro norte e ter que conviver com essa dúvida, concordas ?! Não ha coração que aguente tanta sofrencia.

Além disso, a época de furacão (verão) definitivamente não eh boa pra velejador. 

Primeiro, o calor é infernal, de tirar qualquer um do sério! Segundo o vento sopra pouco e quando venta normalmente vem junto com pequenas tempestades.Terceiro pelo risco dos furacões e quarto pelo risco de tempestades de raio. Só moleza. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Virou hábito olharmos diariamente 3 a 4 vezes ao dia o NOAA (agencia americana responsável por monitorar o tempo). Ficamos sempre de olho nas tempestades de raio (que vem quase todo dia) e, principalmente, de olho nos furacões.. que toda semana brota um embrião.

Estes embriões de furacões (baixa pressão) nascem igual a xuxu na serra... e semanalmente ha milhas de distância vem como fogos de artificio sem direção rabiscando caribe adentro até bater na costa dos EUA ou se perder no meio do Atlântico. Sem rotina ou rota definida.

Por vezes o NOOA mostra dois ou tres destes filhotes subindo na mesma semana. Uns morrem pelo caminho, outros viram uma pequena tempestade... mas outras ganham força virando uma "tropical Storm" ou hurricane - e ai sim eles ganham nome e o bicho pega. Até o momento ja foram 10 tempestades destas em pouco menos de 2 meses de temporada. Nenhuma delas, graças a Deus, chegou ate a costa leste da Flórida (local onde esta o Itacaré).

A estatística é a nosso favor, pois poucos destes furacões atingem exatamente o local que estamos.. assim como raro também eh um raio cair na sua cabeca. Mas no mar não vale estatística.. vale sim a prudência.

Por vezes acordei no meio da noite pensando em plano A, B, C... em casos de um hurricane destes vir na nossa direção. Mas a verdade, eh que nossas opções sao muito restritas dado tamanho do barco.

Por um lado nosso mastro é alto (como já descrevi acima) limitando nossa fuga para dentro do continente visto a quantidade de pontes que tem pelo caminho. Por outro lado nosso barco é largo o que limita bastante nossas chances de subir o barco no seco em alguma marina/estaleiro. São 6 ou 7 marinas em toda a costa leste. Mas imagine você como deve ficar a fila de barcos para subir em caso de aviso de tempestade. Deve ser uma confusão danada sobrando vaga para poucos.

Com dúvida subimos de Vero Beach (onde estávamos na Florida) mais 200 milhas ao norte chegando até St. Augustine - pequena cidade histórica linda, que pouco brasileiro vai (não sei porque). Dado sucesso da pequena travessia chegamos a nos animar a seguir 4 dias mais ao norte ate Virginia, onde acharíamos clima mais fresco e teoricamente ficaríamos fora da zona de furacões.

Mas as dúvidas continuavam martelando nas nossas cabeças e em meio a este vai ou fica o tempo foi passando.... fomos ficando por St. Augustine zanzando com nossas bicicletas para todo lado. Não podemos reclamar. De dia curtimos muito, mas de noite por vezes demorava a dormir pensando no que deveríamos fazer.

E justamente no dia em que estavamos nos preparando para seguir viagem de St Augustine para Virginia eis que recebemos a noticia de um susto que outra familia de brasileiros tomou justamente quando navegava a 80 milhas da costa da Florida rumo norte.

Dizem que é mais fácil voce ganhar na mega sena do que tomar um raio na cabeca, não é mesmo?! Pois bem, essa estatística para velejador não vale de nada... e por aqui é muito normal um barco aqui e outro ali ser fritado por um raio no mastro.

E exatamente isso aconteceu com estes amigos. Tomamos o susto como um aviso, e abortamos de vez nossos planos de navegar pela costa leste dos EUA durante o verão. 

E no embalo da adversidade veio a solução, ...hurricanes, raios, calor.... tamo fora! 

Na mesma semana agendamos a subida do nosso amado Itacaré em um estaleiro de St Augustine - um dos poucos que consegue subir nosso barco pro seco. Preparamos tudo para eventual tempestade desmontando velas, cabos, limpando e amarrando tudo, desligando geladeiras, faxina geral, ...inclusive amarrando o próprio barco no chão. Dois dias intensos de trabalho e pronto! Acabou o sofrimento. Agora nossa casa esta desmontada e devidamente segura no seco. Melhor assim! Barco no seco não afunda, certo ?!

Mas se nossa casa esta desmontada, onde vamos morar nos próximos 2 meses, é o que vc pode estar pensando ? Vamos sair de férias ;)

A solução veio casada com a primeira. Depois do barco no seco, alugamos um carro por 1 mês e corremos pro walmart e compramos um kit camping: barraca, fogareiro, cadeiras, machado, lampião, cooler... Com U$200 nossa próxima aventura estava desenhada: subir os EUA de carro acampando pelos inúmeros parques florestais.

Inclusive, escrevo estas palavras justamente daqui... mais isso é um assunto para um próximo post. Já esta pronto.. prometo publicar essa semana. Até !

Turistando por St Augustine

Playground da molecada na nossa ancoragem em frente a cidade


Cemitério histórico com covas da época da guerra civil americana









Itacaré no seco e nosso carro alugado abarrotado de equipamento de camping



quinta-feira, 27 de julho de 2017

As visitas deste mês

Saint Augustine, 27 de Julho de 2017.


**** texto escrito pelo Bruno, nosso filho (7 anos).


Os nossos dias aqui nos Estados Unidos tem sido bem legais. Fizemos muitas viagens e encontramos muitos amigos.

Primeiro nos fomos para Orlando e o amigo do meu pai alugou um casarão que ficava em um condomínio. Lá tinha um parque de diversão com tobogã. A gente jogou vôlei brincamos bastante com a Bianca e com a Bruna. 

Comemos também em um restaurante chinês que era muito gostoso. Depois varios dias nesta casa a gente seguiu para encontrar com outro amigo do meu pai que tem um filho que tambem se chama o Bruno. Ele é bem legal! Ficamos com eles em um hotel que tinha uma piscina um tobogã bem legal também. A gente ficou um dia lá e depois voltamos para o barco.

Nesse último final de semana recebemos a visita de outro amigo do meu pai, desta vez aqui no Itacaré. Ele tem duas filhas – uma se chama Sophia e a outra se chama clara. Conheci também o Rafael, primo delas.  Nos fomos para praia 2 vezes e a gente pulou da frente do barco umas vinte vezes,  foi muito divertido!  

Ontem os meus primos Pedro e Bernardo vieram aqui nos visitar e brincaram muito com a gente. Eu adorei as roupas que eu ganhei da minha Dinda Mel. A gente se divertiu muito brincando na praia.

Agora a gente esta se preparando para fazer uma outra viagem. Desta  vez vamos acampar com uns amigos do meu pai em uma floresta no meio dos ursos. A gente vai pro meio do nada em um parque florestal lá no norte.

No próximo texto eu te conto como foi!


Bruno Ganimi.















sexta-feira, 30 de junho de 2017

1 Ano de vida a bordo

Saint Augustine, 30 de Junho de 2017.

E não é que piscamos o olho, o tempo voou, e cá estamos ...comemorando nosso 1o aniversário de vida a bordo. E como a vida passa rápido! Se eu tivesse na cidade, na minha vida anterior andando de paletó e gravata sem tempo pra lá e pra cá.. talvez eu soltasse um palavrão por não conseguir frear o tempo. Mas hoje não posso fazer isso, seria injusto - afinal estamos vivendo nosso sonho.

Temos sim que agradecer a Deus pela oportunidade e pela proteção que tivemos até então. Foram 6 países navegados até aqui, muita água por debaixo do casco, milhares de ancoragens, muita gente legal que cruzou nosso caminho, poucas quebras, poucos sustos e grandes aprendizados, sem dúvida o saldo é disparado positivo.

Você ai que nos lê e nos acompanha talvez ache que nossa vida aqui seja a vida perfeita dos sonhos, repleta de momentos fantásticos e dias inesquecíveis. Pois eu tenho uma coisa pra compartilhar com você.

Saber lidar com o barco, aprender a fazer as manutenções, aprender a lidar com as travessias, aprender como provisionar para lugares mais remotos, estudar os lugares e suas ancoragens, saber interpretar a previsão do tempo, lidar com o mau humor do tempo e mar, e por fim (muito importante), se enquadrar a nova realidade financeira (sem salário) com orçamento apertado, onde todo mês é uma luta fazer com que as despesas caibam no bolso..... Tudo isso passou a fazer parte do nosso cotidiano.

E como tudo na vida, depois de um tempo ...chega uma hora que você pisca o olho e sem perceber tudo parece normal e não mais te assusta. O mar, o vento, as ondas, a maré, se enfiar no motor para revisar alguma coisa, subir no mastro pra catucar outra coisa la em cima. Tudo parece normal sendo parte do dia-a-dia.

Engraçado que nessa hora você tende a olhar para o gramado do vizinho, e por lapsos de segundo deixa de valorizar o que tem a volta. Eita como o ser humano é um bicho insatisfeito por natureza!! ....quanta gente você conhece a sua volta que não controla esse sentimento e se perde pelo caminho não dando valor a própria vida ?

Nossa vida a bordo é repleta sim de momentos perfeitos, dias inesquecíveis com ancoragens fantásticas de água calma e cristalina. Mas como tudo na vida, temos sim nossos altos e baixos, assim como também o tínhamos quando morávamos na cidade.

Passar horas no ar condicionado, andar de carro, dormir em uma cama normal, comer em restaurante, botar o pe descalço em chão frio, apertar um botão e a agua sair farta e interminável, olhar a chuva forte derrubando tudo enquanto você olha seguramente da janela do seu apartamento.... esses são prazeres do cotidiano que você deve ter hoje e nem percebe, e que passaram a valer ouro pra gente.

Assim como na antiga vida na cidade, temos na nossa vida atual coisas muito boas e coisas difíceis. Afinal, cada escolha uma renúncia. Faz parte.

Antes eu vivia ansioso olhando pro futuro. Hoje nossos sentimentos são bem mais primitivos, mais "selvagem", um dia por vez. Para o bem e para o mal. Por vezes sofremos com o calor ou com o mal tempo. Por vezes as tarefas simples do dia a dia se tornam uma gincana. Comprar gas em uma ancoragem remota pode se tornar um baita desafio, assim como ir ao mercadocomprar cebola e tomate.

Dependendo da forma como você enxerga e da forma como voce encara tudo isso o cotidiano pode te dragar se tornando um problema tão grande destruindo o prazer e a beleza do momento. Será que é diferente pra você ai na cidade ? 

Meu remédio para esse problema é muito simples, sendo o mesmo que eu tomava antigamente: nas horas difíceis costumo relembrar o quanto lutamos para chegar até aqui. E costumo também sempre listar tudo aquilo que esta me incomodando e tento criar rapidamente uma lista de tarefas. Se quebrou, tento concertar. Se vai ventar muito, mudo a ancoragem pra aguas mais protegidas. Simples assim. Afinal, ficar reclamando da vida igual a um garotinho e deixar os problemas se empilharem não vai te levar a lugar nenhum. 

Mas deixa eu ir um pouco mais fundo...

Apesar dos prazeres e desprazeres da nossa vida a bordo você sabe qual a parte mais legal da nossa vida hoje ? O convívio em família.

E você consegue chutar ai também qual é a parte mais difícil da nossa vida hoje ? Pois então, justamente o convívio intenso em familia.

Antes era mole. Eu terceirizava (menos a mulé!). Os filhos estão enchendo o saco ?! Deixa eles descerem pra casa dos amigos! Tá muito difícil o final de semana, ... Ufa! chegou segunda, entrega eles pra escola! Está no meio do verão e acabou a escola ?! Fácil: envia pra colônia de férias... ou vamos pra casa de amigos.

Você ja se imaginou ficar colado com seus filhos 365 dias, 24 horas por dia, todos os dias da semana, faça calor, faça frio ?  

PS: No frio é mais fácil, pois você põe um filme e se enrola no lençol com eles. Mas é no calor que o bicho pega rapaz... e as vezes da vontade de pendurar um no mastro!

Pois é, como você se prepara pra isso ? 

Anos atrás - em tempos de preparação - tive o prazer de jantar com o Vilfredo Schurmann e lembro que perguntei para ele "Vilfredo, qual o maior desafio da vida a bordo?". Você adivinha a resposta ?  

Na minha santa ansiedade náutica jurava que ele fosse falar da previsão do tempo, do barco, das manutenções, do dinheiro, mas que nada! "O maior desafio é a convivência, Rodrigo", disse ele.
Capitão sábio, vivido. Ele está repleto de razão! Hoje sinto na pele este desafio.

Como ser um bom pai ? Como ser um bom educador ? Como tornar nossas aulas na homeschooling mais interessantes ? Como tornar os dias da minha familia mais agradáveis.. mesmo quando pingo rabugento de suor em um dia ruim ?

A vida a bordo do Itacaré esta sendo pra gente uma grande escola da vida. 

Já aprendemos a como melhor lidar expostos aos desafios da mãe natureza, passamos também a dar valor a nossa cultura justamente por conhecer novas culturas, passamos a dar valor as pequenas coisas da vida justamente pois várias delas nos faltam.

Mas talvez agora estejamos a frente de um dos mais importantes aprendizados neste projeto.

Agora estamos sendo forçados (na marra!) a evoluir como gente. E este desafio tem a ver com auto conhecimento, repensar nosso papel como pai, como marido, como educador, ...sem terceirizações ou apoios externos.

Enfim.. é isso galera, vamos avante! Hoje celebramos 1 ano de Itacaré!! E tem sido uma grande experiência de vida! ...e obrigado a você pelas energias positivas e por nos acompanhar até aqui!!

Em breve um post contando um pouco sobre nossas andanças pela costa leste dos EUA. Estamos neste momento em Saint Augustine, na Florida, subindo a costa devagar... sem pressa. Até!







domingo, 21 de maio de 2017

Até breve Bahamas !

Estreito da Flórida, 19 de Maio de 2017.

Foram quase 4 meses navegando pelas águas cristalinas deste incrível país e suas milhares de ilhas. Difícil dizer qual local mais bonito pois a fartura de ilhas de água cristalina e areia branca, enseadas de cinema e abundância de vida marinha são incríveis.

Valeu Bahamas ! Curtimos muito! Até agora, sem duvida, o lugar mais bonito e farto que passamos nestes nossos quase 12 meses de vida cigana pelos mares do Caribe.

E agora, o que vem pela frente?

Enquanto escrevo estas palavras.... estamos no meio do estreito da Flórida, cruzando a Gulf Stream - uma forte corrente que vem do Caribe subindo a costa americana. 

É praticamente um "rio" no meio do oceano. Li tanto a respeito que cheguei a ficar apreensivo nesta travessia (pra variar) pois há relatos de naufrágios e ondas horrorosas desencontradas quando o mal tempo briga contra a corrente.

Mas esse não é nosso caso aqui, graças a Deus. Como bem mandam os guias náuticos e livros escolhemos um dia perfeito de vento de sudeste moderado... o que tornou nossa travessia sossegada até aqui. O Itacaré segue empopado andando de 8 -a 9 nós. Chegamos a bater 13nós quando literalmente descemos este "rio" com tudo a favor - nosso recorde de velocidade nestes quase um ano de vida a bordo. 

Na nossa proa, a Flórida. E a ansiedade a bordo tá no limite com o povo todo doido pra pisar em solo americano! Pra você ver como são as coisas...

Na época da preparação pra nossa viagem, um ano atrás quando ainda morávamos em São Paulo, compramos mais de 45 bandeirinhas de vários países já imaginando uma provável rota. Nessa época eu jurava de pé junto que nunca viria de barco até os EUA e de pirraça não compramos a bandeirinha dos EUA. "Pra que?! ...se eu quiser ver cidade grande fico aqui em SP!", é o que eu resmungava na época. E não é que passados meses de vida "cigana-selvagem", cá estamos nós animadíssimos e ansiosos para pisar em solo americano e curtir os prazeres da civilização e do primeiro mundo! 


A vida da gente é um eterno quente frio. Quando fica calor você quer o frio, e vice versa. Bola pra frente! 

O importante é manter a cabeça aberta e ir ajustando as velas pelo que vem pela frente. 


Pra temperar melhor o sentimento a bordo, perguntei pro povo aqui hoje "quais são as três coisas que você tá doido pra fazer quando chegarmos nos EUA?".

Você adivinha as respostas ?!

Raquel: " ...ir a uma boa padaria comer um doce bem gordo com café expresso, ir ao cinema, e me arrumar um pouquinho".

Eu: "almoçar no Outback e tomar umas 4 canecas de chopp congelante com um mega steak; almoçar no Red lobster; ir ao cinema e comprar uma mega pipoca amanteigada com coca gigante (o filme pouco importa)."

Lucca: "Quero ir em uma loja da Apple comprar meu iPad"

Bruno: "Eu também!"

Os picaretas estão danados com dinheiro... montaram uma planilha e tudo! ...eles negociaram recentemente com as vovós a venda do iPad antigo deles ...e juntaram o dinheiro da mesada de vários meses e agora estão preparados e loucos pela compra um modelo mais atual. Ir a Disney ?! ...nem passa pela cabeça deles.

Enfim... Pelos EUA ficaremos até Novembro, e neste período vamos devagar subindo a ICW (Intracoastal) uma mega hidrovia que liga a costa leste de ponta a ponta sempre por dentro, através de rios e canais. Um espetáculo! 

Nossa ideia é ir parando nas pequenas cidades, conhecendo a costa leste por um ângulo diferente... visitando lugares históricos, campos de batalha, fazendas, museus, reservas florestais e por aí vai. 

E se você quiser participar de algum trecho da viagem com a gente... seja bem vindo! 

Pra gente será ótimo receber amigos pois além de matar a saudade, sem dúvida nos ajudará a rachar os custos da civilização! 

Quem animar... mande mensagens para itacaresailing@gmail.com ou pelo inbox Instagram/face.



segunda-feira, 10 de abril de 2017

Diária "Amigo-do-Itacaré"

Bahamas, 10 de Abril de 2017

Já não é novidade para ninguém que nós nos adaptamos, e muito bem, a essa vida no mar. Estamos muito felizes em viver esse sonho de velejar e conhecer lugares e pessoas diferentes e nosso plano é seguir adiante neste estilo de vida pelos próximos anos. A única coisa que sentimos falta, de verdade, é da família e dos amigos. Ficamos muito felizes quando recebemos uma mensagem, uma ligação e principalmente uma visita. 

As visitas quando chegam o Itacaré sorri, a rotina muda e a vida a bordo ganha cara de férias ! ...apesar de muitos acharem que vivemos de férias todos os dias do ano. 

Quando os amados chegam as aulas são suspensas, a regra para bebidas alcoólicas muda (tudo liberado!), testamos novos drinks, elaboramos o cardápio, tiramos a poeira do violão, descemos o caiaque, o paddle, o kneeboarding, a bóia.. todos os brinquedinhos do Itacaré saem do porão. É uma festa que aquece nossos corações, nos enche de amor e ficamos sempre com as recordações guardadas pra sempre. 

Já recebemos amigos amados em Curacao, Turks & Caicos e nas Bahamas... e vários outros encontros estão por vir. Mas é sempre nesta hora que o assunto de dinheiro surge. 

"Como vocês fazem com o dinheiro? ...não queremos atrapalhar.", nos perguntam.

Essa é sempre uma conversa muito difícil pra gente e ficamos sempre entre a cruz e a espada. Por um lado queremos todos aqui conosco, por outro temos que fazer nosso orçamento funcionar... senão nosso sonho naufraga. Adoraríamos poder bancar o povo todo aqui... mas não dá..

Todos sabem que deixamos nossos empregos pra traz e vivemos hoje do dinheiro apertado que juntamos para viver este sonho e portanto temos um orçamento mensal enxuto na ponta do lápis.

No início ficamos sem ter muita noção de quanto custa receber uma visita. A vida a bordo envolve vários custos como comida, bebida que dão pra fazer a conta por pessoa, mas tem também vários outros que acontecem ao longo do mês e que passam despercebidos para a maioria como gasolina, diesel, lavanderia, o gás, limpeza do barco, provisionamentos, deslocamentos, assim vai. 

E aí, o que deveríamos responder para nossas visitas?

Depois de um tempo chegamos a um valor que ao mesmo tempo nos ajudou a rachar as despesas do barco e que também não ficou pesado para quem veio nos visitar: U$ 100 dólares/dia por adulto. E neste valor não cobramos as crianças e ficou incluso toda a hospedagem considerando também a comida, bebida e passeios. All inclusive !! :)

Deu tudo certo. Bom pra todos. 


Pra gente, aqueceu os corações e ajudou a rachar as despesas (ótimo!) ... e para os nossos amados se tornou uma experiência única poder viver um pouco desta vida do mar. 


E foi legal também pois deste jeito foi fácil para eles calcularem o gasto total das suas viagens - afinal quase todas as nossas refeições são sempre a bordo e também o nosso lazer está em torno da vida náutica - ficando de fora somente a passagem aérea, o translado até o barco e uma ou outra pequena despesa a mais.

Enfim... é isso amigos. Gostamos tanto que queremos repetir... e quem sabe desse jeito vamos alongando nosso sonho até chegarmos a Australia!!! ...logo se voce estiver animado em conhecer a vida a bordo, seja super bem vindo!!

Detalhe importante, nos não fazemos charters, ok!  

Para o Amigo leitor que ainda não tivemos o prazer de conhecer teremos o prazer de indicar outros amigos do mar especializados em charter.. todos nota dez, com diferentes pacotes, roteiros, e especialidades. As diárias variam entre U$250 a U$400 por adulto.

Até! 










domingo, 9 de abril de 2017

Artigo Revista Pais & Filhos - Março/2017



Pessoal,
segue artigo que saiu sobre a nossa história na Revista Pais & Filhos - edição de Março 2017.

Para acessar na íntegra basta clicar no link abaixo.









domingo, 26 de março de 2017

ITACARE - EPISODIO 1.3 - TURKS & CAICOS







Se o vídeo não abriu, clique neste link: https://youtu.be/eXSdmM1I-6A


Somos a família Itacaré.... começamos a nossa vida a bordo em Julho de 2016. Neste canal contamos a nossa história.

Neste vídeo mostramos a nossa passagem por Turks & Caicos. Por lá ficamos 1 mês navegando em águas cristalinas e desbravando novas ancoragens. Passamos nosso primeiro Natal e Ano novo a bordo do Itacaré e recebemos também amados amigos que vieram viver um pouco da nossa vida a bordo.

Acompanhem !!

Se você gostou deste vídeo, clique no botão abaixo e deixe aqui sua mensagem ou sugestão.

Nosso objetivo é desmistificar a vida bordo, mostrando a todos um pouco do nosso cotidiano.

Nosso blog: itacaresailing.blogspot.com.br

Instagram: itacaresailing


Em breve o episódio 1.4 Bahamas - Parte 1

Até!




sexta-feira, 24 de março de 2017

Dois meses pelas Bahamas

Bahamas, 24 de Março de 2017. 

A vida segue seu ritmo calmamente a bordo, cada vez mais a oeste, um dia por vez. Depois de Turks & Caicos subimos as velas e seguimos para as Bahamas, ilha por ilha, sem pressa... desbravando cada dia uma nova ancoragem. 

Já estamos "oficialmente" fora da região dos ventos alísios, dado nossa latitude já ser fora dos trópicos, quase beirando a ponta da Flórida. Pra você que esqueceu a aula de geografia no 2o grau: vento alísio = aquele vento que rola no meio do mundo... resultado da rotação da terra, lembra?! 

Conclusão, por aqui o vento não vem só de um canto. Aqui o alísio influência bem menos do que no meio do Caribe e o que orquestra mesmo o clima são as frentes frias. Como estamos no inverno elas são muito comuns nesta época do ano se fazendo presente quase que semanalmente. (Sim, aqui é inverno. não esqueça que estamos no hemisfério norte). 

Antes da frente chegar temos sempre dias espetaculares de sol, vento agradável de Sudeste a Nordeste (<15 nós) e mar pequeno (<1m). Uns dois a três dias antes da frente chegar o tempo para... calmaria em mar aberto, mar de azeite... água cristalina de chorar. Mas depois que a bicha chega bagunça tudo derrubando a temperatura, levantando mar e fazendo todo mundo se abrigar. E dependendo do quanto perto a frente conseguir chegar (descer).... o vento pode entrar forte de sul ou sudoeste. Mas se ela passar muito lá ao norte e pegarmos somente o rabo dela o que sopra mesmo é um nordestão danado. Enfim, esta nova rotina tem sido um ótimo aprendizado. 

O ritmo das frentes fria tem ditado também o ritmo das nossas velejadas. Temos sempre mantido uma rotina de cinco a sete dias legais navegando tranquilos seguidos por dois a três parados, bem abrigados, cheio de ferro na água e vento apitando... esperando a frente passar.  

Hoje por acaso, enquanto escrevo, tem mais uma bagunça passando por aqui. Lá fora o vento apita a quase 40 nós esticando os cabos e fazendo o ITACARE ranger. Nestas horas o que mantém nossa paz são dois remédios: a prudência e o exagero.  

Primeiro valeu cada centavo que investimos no jogo de âncora e corrente novinhos que compramos no começo da nossa jornada. Segundo, largamos 45 metros de corrente pra 2m de profundidade.

"Exageraaaaaado!", é o que você deve estar pensando. 

Pode me esculhambar, mas aqui no ITACARÉ temos um ditado que rege nossas ancoragens: "Corrente boa é corrente na água. E corrente no paiol não serve pra nada!". Logo nunca economizamos e por vezes jogamos duas, três, quatro vezes a mais do que manda a regra e sempre buscamos ancoragens rasas e com bastante espaço para acomodar nosso exagero. E se não tiver espaço? Simples... mudamos de lugar. E aqui nas Bahamas o que não falta é ancoragem boa. 

Lá fora o pau tá quebrando, mas aqui dentro tô enrolado no cobertor tranquilo com meus dois bagrinhos agarrados aqui comigo. 

E por falar em bagres... 

Nestes últimos meses embalamos firme no hábito da leitura e toda noite os moleques pegam seus livros e vem ler na nossa cama até cair de sono (enquanto isso a mãe faz a ioga na paz lá em cima). Valeu muito a pena ter montado uma extensa biblioteca de livros digitais antes de sairmos do Brasil. Li recentemente a biografia do Guga, depois a do Agassi.. e agora tô terminando a do sniper americano. Vidas extremamente opostas - que fazem a gente pensar. Os moleques tem lido o Diário de um Banana e outros de uns bonecos que não sei o nome. 

Outro hábito que embalamos também foi o carteado várias vezes a noite (Buraco). .. a coisa tem sido disputada com uma rivalidade crescente. ..tenho feito dupla com meu caçula e a coisa tem ficado feia pro nosso lado. Nunca perdi tanto na minha vida! Fico puto! Estamos treinando bastante os moleques para eles surrarem as avós que estão vindo em breve nos visitar. 

A homeschooling segue no ritmo da frente fria... de vez em quando vem, de vez em quando vai. Faltam três meses para fechar o ano letivo americano, porém na prática estamos na lição 60 de 160. Cheguei a montar uma planilha... mas meu tempo de bater meta ficou na minha vida anterior.  

Acredite você, é um baita desafio manter uma disciplina diária dado tanto estímulo em volta da gente e visitas que vem e vão.  E na vida a bordo os dias da semana se misturam com finais de semana e os meses viram embaralhados. Eu guardo de cabeça que vento está vindo e o horário da maré mas confundo os dias e esqueço em que ano estamos. Chegamos a conclusão que quebrar o ano em meses e os meses em semanas só serve pro povo da cidade. 

Por aqui o tempo poderia ser contado de outra forma. Decidimos montar nosso próprio calendário e seguirmos nosso próprio ano letivo. Primeiro decidimos que todo dia é sábado e que sábado sim, sábado não tem que ter estudo. Depois acrescentamos uns sábados que são feriado de São ITACARÉ... e todo mundo fica na moleza (principalmente os professores!). E por fim acabamos com as férias escolares. Afinal, pra que férias neste nosso estilo de vida?! 

(Ps: O único detalhe é que minha cervejinha só posso beber a cada 7 sábados... senão a coisa descaceta de vez!) 

Brincadeiras à parte, a conclusão deste assunto é que decidimos que desde que as crianças mantenham-se sempre estudando e fechem tudo dentro de 12 meses... tá tudo certo! Portanto vamos encerrar o ano letivo até setembro e já engatar de bate pronto no ano seguinte. 

Aqui nas Bahamas temos tido dias espetaculares em lugares incríveis, incontáveis, indescritíveis. Já estamos a quase três meses navegando por aqui.... e poderíamos passar mais uns dois anos e ainda teríamos muita coisa pra fazer. 

Já passamos por diversas ilhas, várias completamente desertas, algumas abandonadas como em um cenário de Walking Dead, outras destruídas e arrasadas devido aos furacões. Vimos praias espetaculares, bancos de areia branca e fina, coqueiros, trilhas, águas cristalinas com diferentes tons de azuis. Sem dúvida, estas tem sido as ancoragens mais fantásticas das nossas vidas (até aqui, é claro!). 

Às vezes achamos que já vimos tudo... mas logo que mudamos para uma nova ancoragem somos novamente surpreendidos com mais uma obra espetacular da mãe natureza. Se por cima é um espetáculo, por baixo também não fica atras. 

O volume, a qualidade e o peso da nossa pescaria cresceu absurdamente e nosso cardápio passou a ter constantemente frutos do mar. Várias vezes matamos dourados de diferentes tamanhos e outras vezes pescamos atuns. Não fique bravo... mas lagostas e conchs (um molusco que cresce dentro de uma concha grande) também passaram a fazer parte do cardápio. Temos variado também a culinária experimentando diferentes preparos: frito, ensopado, na moqueca, no barbecue, sushis, ceviches e por aí vai. É, a vida tá bem dura. 

Aqui pelas Bahamas os nossos vizinhos também mudaram: acima do mar, barcos canadenses e americanos são os que dominam as ancoragens. E abaixo, a companhia de tubarões, arrais e barracudas ficaram muito mais frequentes.  Por incrível que pareça é comum você caminhar na beira da praia e uma arraia vir te catucar o pé em busca de comida... e muito normal também você ancorar o barco e se dar conta que tem um tutuba zanzando por perto patrulhando. 

Eles também sempre se aglomerarem em volta das marinas na expectativa de pegar uma rebarba de algum resto de peixe recém limpado pelos pescadores.. momento que passamos a ter uma boa ideia do quanto agressivo e rápido estes bichos são. 

Estes encontros passaram a ser tão rotineiros que rapidamente aprendemos a reconhecer os vários tipos de tutubas - seja pelo formato da cabeça, desenho do rabo ou altura e cor das barbatanas. As barracudas então nem se fala.... essas são moradoras fiéis descansando na sombra do nosso barco. Algumas são tão grandes que parecem um tronco de árvore. No começo a gente estranha, ficando um pouco apreensivo... mas depois a gente se acostuma ficando até mais abusado. As arraias e barracudas são parceiras, zero risco.... nadamos sempre com elas. Mas com os tutubas temos sempre uma relação mais processual e regrada. 

Primeiro evitamos mergulhar fim de tarde pois é nessa hora que eles ficam mais ariscos. Segundo, sempre quando mergulhamos ficamos com um olho no peixe e outro no gato. E por fim, se dermos de cara com o "peixe" o tipo dele vai determinar a velocidade que saltamos da água pro bote encagaçado. A coisa é mais ou menos assim: Se for o Nurse Shark (o Lixa) - chegamos mais perto e batemos foto. Se for o Reef Shark, Black Tip ou o Lemon - fico de olho monitorando, mas o estômago da uma contraída. Mas se for o Bull (Touro) - pulo logo pro bote por extinto. Dizem que por aqui tem o Tiger (tigre) e o Hammer (Martelo), mas estes ainda não tivemos o prazer de conhecer.  
É isso amigos, nos próximos dias continuaremos subindo ilha por ilha, por mais 45 dias... rumando sempre a noroeste até chegarmos nos EUA. E de lá subiremos a costa leste até Maryland, mas isso é assunto para um próximo post.  

Até! 

PS: veja nossa posição em tempo real clicando no ícone do "spot" no alto a direita do blog. E para você que ainda não nos segue.... publicamos sempre várias fotos no Instagram #itacaresailing



Gergetown, Bahamas - praia do volleyball


    

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

ItacareTUBE - EPISODIO 1.2 - PORTO RICO

Colocamos no ar mais um episodio mostrando nossa vida a bordo -- Episodio 1.2 - Porto Rico
Depois de 3 meses entre Curaçao e Bonaire, seguimos viagem 415 milhas ao norte em direção a Porto Rico, e por lá ficamos por quase dois meses.
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Em breve o episódio 1.3 Turks & Caicos.
Até!