sexta-feira, 15 de julho de 2016

Corpo dolorido, cabeça vazia

Curaçao, 15 de Julho de 2016.

Eu achei que o tempo fosse freiar quando estivéssemos aqui... Mas que nada, os dias tem passado rápido e num piscar de olhos completamos quinze dias aqui.

Acho que a primeira fase da nossa adaptação já está feita, nossa "casinha" esta funcionando perfeitamente. Já provisionamentos o barco, temos água, gás, energia elétrica, um monte de comida, frutas, verduras, café de coador funcionando perfeitamente... Cada um já está com suas cabines arrumadas, brinquedos guardados - nenhum sinal de caixas ou bagunças espalhadas. A rotina diária devagarzinho começa a aparecer.

O sono tem sido de rei. Coloco a cabeça no travesseiro e em coisa de cinco minutos pisco o olho e já acordo de manhã. Sono profundo. Sono bom do corpo cansado e da cabeça vazia. Por falar em corpo cansado, devagarinho ele (o corpo) - presta atenção senão tu não me acompanha! - também vem se adaptando a nova vida,  mas as dores daqui são diferente das dores da cidade. 

Em São Paulo era normal minha cabeça doer, ombro travar e lombar doer - coisa normal da vida urbana estressada e acelerada. Lá a cabeça trabalhava mais do que o corpo processando a milhares de coisas ao mesmo tempo e espalhava choque elétrico travando a tubulação dado a ferrugem. Minha lombar sempre falava comigo ao longo do dia... 

Aqui é diferente. A cabeça pensa nas coisas do barco e o corpo trabalha muito, o tempo todo. Minha lombar está na boa, feliz... e nada de dor no ombro. Mas por outro lado doe outras partes do corpo que estavam adormecidas a séculos. Aqui doe meu joelho esquerdo, a planta do pé, o meio das costas.. As pernas cansam e as mãos também. Também, não paramos nenhum minuto.


Já começamos a preparação do barco para sairmos da marina - temos executado diariamente uma lista de coisas que tínhamos desenhado desde a última vinda (sim, cotinuo com minhas listas de tarefas diarias a cumprir!). Já configuramos antena da internet (ficou show), já fizemos reparo na vela mestra (digo, tiramos a vela e enviamos para um cara fazer), já reapertamos parafusos do barco, trocamos algumas lâmpadas por led, trocamos e reorganizamos os cabos, subimos no mastro, limpamos o fundo do barco, refizemos amarrações da âncora reserva, reorganizamos caixa de ferramentas, e já nos embrenhamos por cada buraco e paiol do barco para melhor conhecê-lo. 

Mas a lista não acaba não... A cada coisa que a gente mata, pintam mais duas ou três na lista. Ja temos engordado uma longa lista para fazermos quando subirmos o barco para pintar o fundo - o que deve acontecer agora em agosto. Mas um dia por vez, sem pressa vamos avançando. O meu corpo em formato de jaca vem mudando devagar e acho que já perdi uns 2kg, apesar do meu caçula continuar dizendo que não... E continuar me chamando de "bochecha" :)


Minha Branca assumiu a posição de Personal trainer do Itacaré - e temos vez ou outra feito um circuito que envolve pesos de mão, corrida, corda e abdominais. Claro que morro nos primeiros 7 minutos, mas sigo insistindo. Tem dias que o corpo acorda todo dolorido como se tivesse sido atropelado. E acho que neste ritmo talvez em um ou dois meses meu umbigo deva pular pra fora - faz vinte anos que ele pulou pra dentro e nunca mais o vi.


As crianças tiveram - acho eu - três momentos diferentes na adaptação. No começo tudo foi festa, dado a ansiedade e novidade. Dias depois bateu um pouco de "tédio" e vez ou outra ouvimos algumas reclamações ("prefiro nossa vida em São Paulo", chegou a gritar um deles). Mas logo depois (graças a Deus!) eles entraram no clima, passaram a brincar diariamente na água (sobe no barco, pula pela frente, e volta por baixo do barco, sobe de novo... e por aí vai - ficam horas assim), e passaram a me ajudar a limpar fundo do barco, arrumar os cabos e também a remar na nova canoa.


Estes dias na Marina tem sido de muito trabalho, e ao mesmo tempo "conforto" . Aqui só temos um casal de franceses como vizinho e pronto... Marina vazia, bonita, limpa toda pra gente. O casal de franceses , inclusive - virou grande amigo nosso. Já jantaram aqui em casa, já jantamos na casa dele e muito temos aprendido com eles sobre vida a bordo, manutenções, organização do barco, etc. O barco deles (Oxygen), inclusive, é impecável - tudo no lugar! ....foi o francês quem me ajudou a subir no mastro - com a Branca atenta ao lado dele, você viu o vídeo no Instagram?

Enfim, o conforto deve acabar no fim do mês - quando já vamos sair da Marina e tocar nossa vida normal ancorado por aí. Em breve mais noticias!



Sylvan e Izabelle - nossos vizinhos e amigos. Nossos barcos
ficaram lado a lado aqui na Seru Boca Marina

nada é fácil rapaz, nosso freezer parou de funcionar.. catei um holandes
na internet e levei ate a casa dele para trocar umas peças. Acho que ficou ok.. vamos ver.


Cada enchadada uma minhoca. Essa foto aqui é do fundo do nosso motor de
 bombordo (esquerdo). Repare na ferrugem.. esse registro ai ja foi
pro brejo - mais um item de grande prioridade quando subirmos o barco.
O alternador tb ta todo comido pelo mar..  nada é fácil, rapaz!


Equipe Itacaré turistando pela cidade..

Foto la do alto do mastro - subi lá para trocar o cabo da vela principal.. o estômago
dá uma trancada, mas faz parte. É melhor aprender a fazer agora parado
na marina - do que aprender depois em alto mar..


Brinquedo novo... é meio graúdo - mas o bom é que da pra ir 3 remando..


Fim do dia.. nosso horário preferido, quando o céu e o mar se mistura colorido.







3 comentários:

  1. Ganimi e família,
    Muito legal acompanhar a boa adaptação de vocês e também ver quantas tarefas já foram realizadas.
    Sigam em frente e continuamos acompanhando por aqui. Cada momento, um aprendizado!
    Forte abraço,
    Secco.

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  2. Muito legal!!!!! Curtindo muito a experiencia de vcs que apenas está começando... muitas histórias por vir!!!!! bjs em todos.

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