São Paulo,
6 de Junho de 2016
Caramba,
por onde eu começo este post ?!
...tanta coisa aconteceu nos últimos 15 dias
que ficou difícil traduzir em palavras e manter o povo atualizado por aqui.
(mas
mantivemos sim a conta do Instragram quase em tempo real com fotos e frases,
você viu ?! senão, veja ai: instagram.com --> procure por #itacaresailing)
Estivemos
nos últimos 15 dias levando nossa caranguejola de Martinique para Curaçao,
sendo este nosso ponto de partida com toda a família mês que vem. Foram
quase 650 milhas náuticas de fortes emoções e grandes aprendizados. Meu irmão
Tete e velho amigo Richa me acompanharam nesta empreitada. (Valeu amigos!!)
Para variar
o “video game” mudou de fase e meu estômago passou a contorcer de novo – agora sim,
por motivos náuticos e oceânicos. A sofrência
começou logo no despacho das bagagens em Guarulhos – errei nos cálculos e
exagerei um pouco. O resultado é que fui xingando o diabo das caixas com
nossas tralhas de SP até nosso destino final. De checkin em checkin fui pagando
excesso de bagagem... desgraça! “Mas tudo bem, já levei metade da nossa mudança”,
tentei me confortar.
...a
sofrência nos acompanhou também quando chegamos em Martinique dois dias depois
(depois de uma rápida escala em Barbados).
A instalação do painel solar atrasou muito, e ficamos os primeiros 5
dias parados no pier do estaleiro acompanhando o entra e sai dos gringos
pendurados no barco entre soldas e parafusos. Tudo bem que a viola e cerveja
rolaram solto para alegrar o ambiente. Mas fiquei com pena dos meus tripulantes..
que tinham a promessa de sombra e água
fresca mas não tinham nem colocado o pé na água até então ficando restritos a
muito trabalho e carregamento de peso (foi mal galera!)
Neste longa
parada aproveitamos para estocar o barco com comida, água, gás... e algumas
peças reservas de motor, vela e coisas do tipo. Aproveitei o embalo (e o tempo
livre) e troquei as correntes da ancora do barco, coloquei cadeados novos nos
paios, configuramos a internet, arrumamos equipamento de pesca e mergulho, comprei
cabos para ajudar na rizada das velas... e outras coisas a mais. A cada
espirro saia 250.. 300 euros. Outro
espirro, 450 euro. Jesus, meu bolso vai naufragar na partida.
Mal o serviço
terminou.. e enquanto o polonês estava dando a última polida pendurado no inox
que segura as placas solares.. já estávamos dando partida no motor para nossa
primeira saída. Ahh, a primeira vez a gente nunca esquece.
Foi como tirar
um caminhão jamanta da garagem do prédio.
“Como isso aqui faz curva?!”. O diabo do vento soprava, e meu estomago
apertava manobrando a geringonça. Coitado do Itacaré... maltratamos ele um
pouco nos primeiros dias dado nosso baixo nível de conhecimento. Nos enrolamos
um pouco na subida e descida da mestra, nos enrolamos com a catraca elétrica
que sismou de morder e travar os cabos. Algumas cenas de vídeo cacetada depois e já estávamos mais ambientados a caminho de
St Lucia, 50 milhas ao sul. O antigo dono me falou que levaria algo entre 15 e 25
minutos para me acostumar e gostar do bichão...
ele tinha razão.
E ah se
eu te falasse do vento daqui !! ...essa
cena que você tem ai na sua cabeça de que o caribe é sombra, coco e água
cristalina.. existe só no teu cérebro. O visual é este mesmo, mas por aqui o vento
apita intenso agudo, sem descanso. 25 nós e onda de 2 metros são calmaria por
aqui, nada parecido com o que vivemos na Ilhabela e Paraty nos últimos 4 anos.
Mas fato é
que nosso batismo foi logo de cara – como uma injeção na bunda, não deu tempo
nem de sofrer muito: já embicamos a barcaça rumo a St lúcia e pronto. Mar
aberto, vento forte e onda de través (de lado) estourando no casco. O estômago
apertou dado o batismo, mas que velejada dos deuses! Itacaré voou junto com
nossos sonhos e pensamentos.
Como
disseram os franceses, “quando o barco é grande, o mar fica pequeno”. “Se estivéssemos
neste mar com o Lafitte, seria um salseiro!”, pensei. Mas o Itacaré cortou o
mar de peito aberto, sem tomar susto e nos levou firme a quase 9 nós até nossa
primeira ancoragem, em Marigot – St Lucia – 5 horas depois.
Cheguei
realizado. O vídeo game mudou de fase de novo, afinal o capitulo até aqui era
para iniciantes. Minha cabeça mal relaxou com a cerveja da chegada e já estávamos
pensando no próximo alvo adiante: travessia de 4 dias até Curaçao com
parada em Los Roques. Aí sim... alto mar..
a 300 milhas de lugar nenhum.
Tudo bem
que para tal empreitada, nossa tripulação ganhou grande reforço – nosso amigo
Silvio Ramos veio de SP e se juntou a nossa jovem tripulação incrementando bastante a senioridade
do time (quanto a “jovem tripulação”, você entendeu não é?!..
não preciso explicar).
Foi como
nosso vascão mesclando juventude com uns caras casca grossa-vividos dando solidez ao time. Já falei sobre o Silvio em outros
posts.. ele já deu volta ao mundo em seu veleiro e
muito nos ajudou nas primeiras caminhadas com o Lafitte.. bem como na
preparação para este projeto. E claro,
ele não ia perder o desenrolar dos acontecimentos.
O dia
amanheceu, fizemos a papelada de saída do barco, entupimos de diesel até o talo ... e aproamos para
mar aberto para seguir nosso rumo. O vento fresco nos
acompanhou no começo mas a medida que o tempo correu foi
aumentando de intensidade como previsto nas cartas e previsão do tempo - assim como nosso aprendizado, que foi crescente ao longo do percurso.
Logo na primeira noite nossa linha sacudiu com
um atunzinho de 2 a 3 kg – que virou sushi em questão de minutos alegrando
nossa atenta tripulação. Os dias e noites se seguiram entre turnos, bate papo,
e muito ajuste de vela e miudezas no barco. Silvio incansável olhava tudo a
bordo dando sugestões de manutenções, de regulagem ou ajustes em geral. Ganhei
muito tempo de aprendizado. ... e minha lista de tarefas que tava esvaziando ja engordou com uns 97 itens. Valeu amigo!
O único
susto que tivemos foi em uma noite qdo tivemos um rumo cruzado com um barco de
pesca.. desviamos, mas ele manteve o rumo na nossa direção, apagamos as luzes e
como um barco fantasma na noite escura cortamos por eles a 500m de distância..
vai saber suas intenções.
Nossa
escala em Los Roques foi dos deuses.
Inclusive anote ai na tua planilha: Los Roques – Venezuela! Imperdível. Pena
que o tempo foi curto, esse lugar pede uns 30 dias. Ancoramos em um circulo de
corais de mar azul piscina, destes dignos de cartão postal – e fomos brindados
de novo pelo mar, desta vez com uma cavalinha de uns 2 a 3kg que virou posta na panela regada a cerveja.
Nossa
chegada em Curaçao foi animada, bem comemorada.. com muita cerveja e animação. Paramos na
marina (Seru boca Marina) como previsto..
e o dia seguinte se desenrolou com muito trabalho preparação da papelada
de entrada no país bem como na arrumação para deixar o barco descansando pelos
próximas semanas até nosso desembarque em definitivo no fim de junho.. ai sim, de mala, cuia, papagaios e
apetrechos. Nos aguardem!!
Antes de
fechar este post, fica aqui meu agradecimento a meu velho irmão e amigo Tete, a
meu velho amigo e parceiro Richa.. e meu recente e importante amigo,
Silvio. Tripulação nota dez!!
Fica aqui
também o agradecimento especial as nossas esposas que compreenderam o momento..
e seguraram as pontas a nossa espera em São Paulo. Afinal.. tivemos momentos de 3 dias sem
noticias em alto mar.. não deve ter sido
fácil a espera. Valeu esposas !! (tudo
bem que os maridos estão dizendo que isso não contou como alvará pois só teve
ralação.. e eles precisam de outros 15
dias, ok ?! ;)))
Valeu!
Eu, minhas caixas.. e meu excesso de bagagem.. |
Instalação do painel solar em Martinique.. e nossa longa espera |
No pier do estaleiro.. a espera.. |
Primeira parada em St Lucia - Marigot Bay. Lugar espetacular, regado a por do sol |
Atunzinho do primeiro dia virando sashimi |
Em algum lugar a caminho de Los Roques |
O mar foi crescendo a medida que descemos em direção a Los Roques |
ancorado em Los Roques.. nota dez! |
Turnos e returnos de bate papo e troca de figurinha. Valeu SR !! ## |
Mais Los Roques... |
a cavalinha que virou posta na panela.. |
chegando em Curaçao - canal de entrada da baia |
Nossa tripulação comemorando a chegada em Curaçao |
Fala meu primo!
ResponderExcluirQue delícia o seu post!
Gente estou encantada com Los Roques, que lugar magnífico!!!!
Já está anotado aqui na minha lista de lugares que gostaria de conhecer. ;)
Que bom que deu tudo certo e que companhia maravilhosa pra este início de aventura hein?!
Sucesso sempre pra vocês e continue escrevendo pois quero acompanhar tudo!
Beijo grande da prima
Bru
Valeu Prima!!
ExcluirGanimi Parabéns pela coragem de viver a vida. Conheço você desde 2001, apresentado pelo nosso gde Trotte. Você sempre foi destemido, sonhador e corajoso. Que esse sonhe, que agora se realize, entregue a você o que você procura. A lição é bela e a busca verdadeira. Sucesso e saúde para você e familia. Fico por aqui, te seguindo. Abraços.
ResponderExcluirValeu Titão!! grande abraco,
ExcluirMeu amigo, vc já pescou mais nessa travessia, do que eu no verão inteiro!!! rsrsrs
ResponderExcluirParabéns!!! Boa sorte !
Grande Ganimi,
ResponderExcluirViver a natureza, a família, os amigos, os sonhos e compartilhar essa experiência de coragem somente comprova aquela minha primeira impressão que você é uma pessoa abençoada. Auguri e estou torcendo muito por vocês. PS: Quando estiver mergulhando em Palancar me avisa que vou fazer uma visita...rsrs
Grande Pala!!! obrigado pelas palavras!!
ExcluirPS: acho q nao devemos passar em Palancar.. mas ta cheio de visual neste estilo por aqui, qdo vc puder.. venha passar uns dias com a gente.
gd abraco
...e antes que alguém reclame: o peixe é nosso e atribuimos a ele o peso que quisermos!
ResponderExcluirValeu Parceiro!
#alvaranaovaleu #precisodemaisum
isso ae parceiro!!
ExcluirOla´Itacaré, que ótimos ventos os acompanhe sempre! Abraços dos Carapitangas
ResponderExcluirValeu Carapitangas!! ...estamos acompanhando a viagem de vcs.
ExcluirPena que não esbarramos aqui em Curação.. quem sabe a gente alcança vcs pelo pacífico..
gd abraço e bons ventos!